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O que (ainda) (não) se faz

Estive a falar com um amigo do meu filho, e de um projeto em que este ia participar.

Não querendo, de maneira nenhuma, limitar o entusiasmo e a vontade dos mais jovens, pus-me a pensar naquilo que se faz, e naquilo que (ainda) não se faz.

Preocupa-me, como sempre me preocupou, a falta de visão estratégica do destino. Durante muitos anos faziam-se inquéritos de continuidade aos turistas que nos visitavam, que facultavam informação preciosa sobre os turistas, sim, mas também sobre o destino e que eles esperavam dele.

Depois desapareceram. Ou, mais claramente, não desapareceram, mas deixaram de usar uma forma que permitisse acompanhar a evolução da informação. Eu, porque sou (dizem…) má-língua, concluí que era assim porque a informação que facultavam não interessava, ou estava em conflito com o discurso oficial…

Os últimos indicadores de que me lembro apontavam para que os turistas que nos visitavam procuravam calma, natureza e segurança. Nada a ver com festivais, nada a ver com (excesso de) construção… aliás, antes pelo contrário, para a maioria dos turistas o que interessava era a manutenção de uma Madeira verde, com a invasão de betão reduzida ao mínimo indispensável.

Mas obviamente que isto não interessa… é preciso manter a ficção que o betão é bom, e que é preciso fomentar a construção… e a criação de mais teleféricos (?), e parques radicais. Mas será que é mesmo assim? Pessoalmente tenho muitas dúvidas. Aliás, pessoalmente suspeito que a proliferação de oferta de actividades ditas radicais leva apenas a um excessivo fraccionamento do mercado, numa situação em que não há que chegue para ninguém…

E quem fala em actividades radicais fala em tudo… desde restaurantes, a souvenirs, a catamarans (com ou sem golfinhos e baleias e tartarugas) e a alojamento local e hotelaria. Mas o que interessa é que haja “pugresso”… a rentabilidade não interessa.