CDS. Queremos desaparecer?

Declaração de interesses: Não sou militante do CDS e embora seja apoiante, não sou tão fervorosa como o meu marido, mas sempre estive do lado do partido, mesmo nos seus momentos menos positivos. Não só gosto dos intervenientes, mais uns que outros é certo, como acredito nos seus ideais e propósitos.

Tenho, nas últimas semanas, lido muito sobre a possível coligação em 2023 entre o PSD/CDS e algumas opiniões sobre aquilo que têm acontecido até agora sobre esta mesma coligação e permitam-me que vos diga que, aparentemente, algumas pessoas não entendem sobre aquilo que referem.

Há quem diga que o Calado ganhou no Funchal graças ao CDS. Gostava muito de acreditar nisso, era sinal que o meu partido mantinha a mesma vitalidade de há alguns anos, mas não posso tapar o sol com uma peneira! As pessoas estavam fartas do anterior líder - não eleito - e precisavam de alguém capaz, para trabalhar em prol dos Funchalenses.

Conseguimos meter alguns membros nas listas, mas se fossemos em separado, poderíamos ter eleito mais deputados municipais.

Fizemos mal em não ter lista própria. Se a coligação é assim tão forte em toda a região, pergunto: porque é que não ganhámos na Ponta de Sol, Machico, Porto Moniz?

A marca do CDS tem que ser demonstrada por si só e coligar-se apenas em caso de um bem maior, após as eleições, tal como aconteceu com o actual governo nas eleições de 2019. Assim sim. Com o nosso parceiro tradicional, sem colocar em causa os nossos ideais.

Alguém que me diga qual foi o resultado da coligação pré-eleitoral do Portas e Passos Coelho? Ganharam! Sim, mas não com deputados suficientes. E isso permitiu que um governo de esquerda tivesse feito uma coligação pós-eleitoral / parlamentar que estagnou o nosso país.

Não quero com isto dizer que o CDS deveria coligar-se com outros. Nada disso. Apenas acho que qualquer coligação deveria de acontecer, apenas e só, depois das eleições.

Não quero que o CDS deixe de existir como no continente. O CDS tem deixado a sua marca na governação regional e as pessoas vão saber dar valor a isso no dia das eleições, mas só se formos em separado.

Se deixarmos de ir a eleições com a nossa personalidade própria, com coragem, deixamos de existir de factos. Tornamo-nos naquilo que “Os Verdes” são para o PCP e para a CDU.

Passamos a ter uma existência fictícia, apenas para tirar risco a meia dúzia de pessoas que têm cargos.

2023 está aí no virar da esquina e eu acredito que é melhor irmos em separado e depois honrar o voto dos madeirenses e portosantenses.

O Madeirense sabe que o CDS é necessário numa governação para equilíbrio de medidas, das contas e para a defesa da região Autónoma da Madeira.

Podem até realizar algum pacto de não agressão e apontar as baterias contra a esquerda, em especial contra o PS que ainda apresentará o seu candidato para 2023, sendo claro que é provável que seja o Cafôfo, após a actual barriga de aluguer. Deixo esta nota aqui em público, sendo que já a dei também em privado.

Joana Pestana