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Líder dos TSD/Açores diz que situação financeira deixada pelo PS pode comprometer futuro da região

Foto DR/PSD-Açores
Foto DR/PSD-Açores

O líder dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD) dos Açores, reeleito ontem, acusou o PS de ter deixado uma herança financeira que pode "comprometer gravemente" o futuro da região e lamentou que os fundos comunitários não tenham sido aproveitados.

"As finanças públicas foram encontradas em estado mais fragilizado do que apontavam as previsões mais pessimistas. Afinal, em vez de um ficcionado excedente orçamental e de dinheiro nos cofres da tesouraria pública, encontrou-se dívida e mais dívida, compromissos, cartas de conforto e toda a sorte de instrumentos financeiros que afundam as finanças na penúria e podem comprometer gravemente o futuro dos Açores", afirmou o líder dos TSD/Açores, Joaquim Machado.

O deputado social-democrata, que lidera a estrutura há cerca de 10 anos, foi reeleito hoje, sem adversários, com 49 votos a favor e duas abstenções.

No encerramento do IX Congresso Regional dos TSD/Açores, que decorreu na Praia da Vitória, na ilha Terceira, Joaquim Machado deixou críticas à governação de 22 anos do Partido Socialista e ao cenário encontrado pelo PSD, quando tomou posse do Governo Regional, em coligação com CDS-PP e PPM, em novembro de 2020.

"A agricultura não conseguiu realizar a modernização, nem dar o salto produtivo que se impunha fazer; as pescas naufragam em problemas; a indústria continua timidamente a viver da produção leiteira, sem verdadeiros rasgos no domínio da exportação; na educação e na saúde, onde a arquitetura jurídica que sustenta os setores é exclusivamente regional, os resultados e os indicadores atestam a incompetência e o desmando de muito tempo de governação socialista", apontou.

O líder dos TSD/Açores salientou que, nos últimos 15 anos, "a região recebeu diariamente da União Europeia mais de meio milhão de euros", mas o executivo açoriano "falhou" nas opções estratégicas e na aplicação de fundos.

"Passadas mais de duas décadas, os Açores perderam muitas e boas oportunidades. Diria que perdemos uma geração", acusou.

Na presença do líder do PSD e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, mas também do líder do PPM, Paulo Estêvão, e do vice-presidente do CDS-PP Félix Rodrigues, o presidente dos TSD/Açores apelou a um melhor aproveitamento das ajudas comunitárias dirigidas à qualificação profissional.

"O alicerce para o emprego sustentado e a promoção de uma economia competitiva faz-se com investimento estratégico na educação e na formação profissional, faz-se pelo desagravamento da carga fiscal, faz-se pelo investimento privado, complementado com o investimento público", frisou.

Joaquim Machado considerou "urgente preparar os Açores para novos desafios" e reiterou que a região precisa de "mão de obra qualificada".

"A educação e a formação profissional devem ser pilares do nosso desenvolvimento, da competitividade que queremos para a economia açoriana. É preciso devolver à escola a qualidade e o rigor, a exigência e o mérito, únicos valores capazes de promover a excelência", adiantou.

Defendeu ainda "o ingresso nos quadros dos trabalhadores precários que se encontram a satisfazer necessidades permanentes da administração pública".

"Os programas de ocupação de desempregados devem ser mantidos, com aperfeiçoamentos e rigor, apenas enquanto a economia não for capaz de gerar mais emprego", sublinhou.

Também presente no congresso, o secretário-geral dos TSD, Pedro Roque, disse estar convicto de que os Açores conseguirão recuperar o "atraso estrutural" que têm em relação a outras regiões do país com a atual governação.

"É difícil a vida nestas ilhas. O isolamento e a insularidade não contribuem para isso, mas sabemos que os Açores têm um potencial enorme e que está desaproveitado e estamos conscientes de que essa página se virará com esta nova liderança do governo regional", afirmou.

Já o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, igualmente presente no encontro, defendeu a recuperação dos serviços públicos e a fixação de quadros qualificados no país.

"Esta política, que tem sido desenvolvida até hoje, em torno dos baixos salários, onde foi muito importante aumentar o salário mínimo nacional, tem de ser claramente alterada para evitar que a geração mais qualificada que temos hoje saia do nosso país", alertou.