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Quebeque recua nas intenções de criar imposto para não vacinados

Foto Andrej Ivanov/AFP
Foto Andrej Ivanov/AFP

O governo da província canadiana do Quebeque hoje nos seus planos de criar um imposto especial para pessoas para pessoas que não estão vacinadas contra a covid-19, explicando que decidiu não o aprovar para manter a "paz social".

A decisão, anunciada pelo primeiro-ministro da província, François Legault, surge no momento em que o movimento antivacina realiza uma manifestação em Otava desde o fim de semana, para exigir o fim das medidas de restrição em todo o país.

Numa conferência de imprensa, François Legault afirmou que, apesar de o seu executivo ter elaborado o projeto-lei para penalizar com multas os antivacinas, decidiu não apresentar o texto para garantir a "paz social".

François Legault acrescentou que está preocupado com as divisões entre os quebequenses provocadas pelas medidas de saúde pública adotadas no Quebeque.

Em 11 de janeiro, o primeiro-ministro do Quebeque, do partido de centro-direita Coalition Avenir Québec (Coligação Futuro Quebeque, em tradução simples), anunciou que o seu governo estava a considerar impor um imposto sobre as pessoas não vacinadas contra a covid-19 devido às "consequências" que isso acarreta para o sistema de saúde da província.

François Legault justificou a medida polémica, dizendo que as ações dos antivacinas têm "consequências" para o sistema de saúde e não é justo que os restantes tenham de pagar pela rejeição das vacinas.

Enquanto isso, em Otava e noutros pontos do país, continuam os protestos antivacinas e de outros grupos radicais contra as medidas de saúde pública adotadas para conter a pandemia.

No fim de semana, milhares de manifestantes desceram à baixa da capital canadiana, bloqueando deliberadamente o trânsito em torno do Parliament Hill (Colina do Parlamento, que abriga os edifícios do Parlamento do Canadá).

Alguns urinaram e estacionaram no National War Memorial (Memorial da Guerra Nacional, em tradução simples). Um dançou no Túmulo do Soldado Desconhecido e outro carregava sinais e bandeiras com cruzes suásticas.

Após o maior protesto pandémico no Canadá até hoje, os manifestantes encontraram pouca simpatia num país onde mais de 80% da população está vacinada. Muitas pessoas ficaram indignadas com algumas medidas de contenção da covid-19.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, considerou os manifestantes de Otava de "minoria marginal" e disse que refletiam a proliferação de "desinformação 'online', teóricos da conspiração, sobre 'microchips', sobre como Deus sabe o que combina melhor com os chapéus de papel de alumínio".

Os organizadores, incluindo um que defendeu pontos de vista da supremacia branca, juntaram milhões de pessoas para "o comboio de camiões da liberdade" contra a obrigatoriedade da vacinação. Contaram com o apoio do antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump e do proprietário da Tesla, Elon Musk.

Trudeau e a família foram transferidos para um lugar não conhecido durante o protesto. Dois dos seus filhos testaram positivo à covid-19, e um teste realizado na segunda-feira revelou que o primeiro-ministro também estava infetado, que disse que se encontrava bem e a trabalhar de forma remota.

Um número mais pequeno, mas ainda significativo, de manifestantes permaneceu hoje nas ruas.