Mundo

Apoiante de Bolsonaro na posse de bomba artesanal queria impedir posse de Lula

None

O apoiante de Jair Bolsonaro detido sábado após tentar detonar um engenho explosivo em Brasília admitiu que pretendia provocar o caos para impedir a posse do Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, em 01 de janeiro.

Segundo excertos do interrogatório a que foi submetido, divulgados hoje pela Polícia Civil do Distrito Federal, o detido admitiu que o atentado foi planeado com outros apoiantes do Presidente cessante, Jair Bolsonaro, que estão acampados frente ao quartel-general do exército em Brasília, para pedirem aos militares um golpe de Estado que impeça a posse de Lula da Silva.

Polícia de Brasília desativa bomba artesanal a uma semana da posse de Lula da Silva

A polícia federal de Brasília anunciou ter desativado hoje de manhã, oito dias antes da posse do Presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um dispositivo explosivo colocado dentro de um tanque de combustível.

O homem acrescentou que o ataque tinha como objetivo "iniciar um caos" que obrigaria as autoridades a declarar um estado de sítio e permitiria aos militares iniciar o golpe.

"Decidi elaborar um plano com os manifestantes no quartel-general do exército para provocar a intervenção das forças armadas e a declaração de estado de sítio para impedir o estabelecimento do comunismo no Brasil", frisou.

O detido é o empresário George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, que foi formalmente acusado de terrorismo, depois de confessar a construção do engenho explosivo que foi colocado num tanque de combustível e desativado pela polícia, no sábado, antes de o veículo chegar ao aeroporto internacional de Brasília.

George Washington de Sousa disse que vive no estado amazónico do Pará, mas está em Brasília, desde 12 de novembro, para reforçar os grupos de apoiantes de Bolsonaro que não reconhecem a vitória de Lula nas eleições presidenciais de outubro último e se encontram estacionados frente ao quartel do exército.

"O que me motivou a adquirir as armas [apreendidas na sua residência] foram as palavras do Presidente Bolsonaro, que sublinha sempre a importância do armamento civil", acrescentou.

O futuro ministro da Justiça de Lula da Silva, Flávio Dino, disse que os acantonamentos criados pelos grupos pró-Bolsonaro frente ao quartel do exército para apelar a um golpe militar se tinham tornado incubadoras de terroristas e apelou às autoridades para os desmantelarem.

"Os graves acontecimentos de sábado em Brasília provam que tais campos 'patrióticos' se tornaram incubadoras de terroristas", disse.

"Não há pacto político possível e não haverá amnistia para os terroristas, seus apoiantes e financiadores", advertiu Flávio Dino.

Na vivenda do acusado foram encontradas duas carabinas, uma espingarda, dois revólveres, três pistolas, mil munições, uniformes camuflados e cinco emulsões explosivas utilizadas na mineração semelhantes à utilizada no engenho desativado.

A desativação do dispositivo colocado dentro de um camião-cisterna e a descoberta do arsenal na casa do detido aumentou o receio de possíveis atos violentos durante a tomada de posse.

Pelo menos 17 chefes de Estado ou de governo, incluindo o Rei de Espanha e os presidentes da Alemanha, Portugal, Argentina e Uruguai confirmaram a sua presença na inauguração.

Espera-se também a participação de cerca de 300.000 pessoas no festival musical organizado para a população saudar Lula, no qual 30 cantores e grupos musicais irão atuar.