A Guerra Mundo

Zelensky propõe ao G7 acolher uma "cimeira de paz mundial"

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Foto EPA

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, propôs hoje aos países do G7 a organização de uma "cimeira de paz mundial", para debater "como e quando" podem ser implementadas as exigências de Kiev para o final do conflito com a Rússia.

"A Ucrânia sempre liderou os esforços de negociação e fez de tudo para impedir a agressão russa. E agora sentimos uma oportunidade de usar a diplomacia para conseguir a libertação de todo o nosso povo, de todos os nossos territórios", sublinhou o chefe de Estado ucraniano.

Numa mensagem dirigida aos países do G7, o grupo dos países mais industrializados do mundo, Zelensky listou três etapas para atingir a paz: um novo poder, uma nova força e uma nova diplomacia.

Sobre a diplomacia, o governante lembrou ainda que na cimeira do G20 na Indonésia tinha proposto uma "fórmula ucraniana para a paz", referindo que agora deve decorrer uma cimeira especial, a Cimeira da Fórmula de Paz Global, para "decidir como e quando podemos implementar os pontos da fórmula de paz ucraniana".

Zelensky exortou também a Rússia a "retirar as suas tropas da Ucrânia" antes do Natal para "garantir uma cessação duradoura das hostilidades".

"A resposta de Moscovo mostrará o que realmente querem: ou um novo confronto com o mundo ou, finalmente, o fim da agressão. Aquele que trouxe a guerra deve terminá-la", frisou.

Já sobre o poder, o Presidente ucraniano realçou que Moscovo leva vantagem em artilharia e mísseis, apelando ao G7 a necessidade de tanques modernos, apoio constante de artilharia e mais mísseis de longo alcance.

"Quanto mais eficazes formos com essas armas, mais curta será a agressão russa", assegurou.

Zelensky alertou ainda que a Ucrânia precisa de "cerca de dois biliões de metros cúbicos" de gás adicional para ultrapassar o inverno, depois da Rússia ter danificado extensivamente a infraestrutura de energia do país nos últimos meses.

"O terror contra nossas centrais fez-nos usar mais gás do que o esperado. E é por isso que precisamos de apoio adicional, neste inverno. Estamos a falar de um volume de cerca de dois biliões de metros cúbicos de gás que deve ser comprado adicionalmente", destacou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.