A Guerra Mundo

Presidente Volodymyr Zelensky afirma que russos "destruíram" Bakhmut

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Foto EPA

As forças russas "destruíram" a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, disse o Presidente Volodymyr Zelensky, enquanto os militares da Ucrânia relataram ataques com mísseis em várias partes do país.

Zelensky disse que a situação "continua muito difícil" em várias cidades da linha de frente, designadamente nas províncias de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. Juntas, as províncias formam o Donbass, uma extensa região industrial na fronteira com a Rússia, que Putin identificou como foco desde o início da guerra e onde os separatistas, apoiados por Moscovo, lutam desde 2014.

Hoje, os militares da Ucrânia relataram também ataques em outras províncias: Kharkiv e Sumy no nordeste, Dnipropetrovsk no centro da Ucrânia, Zaporizhzhia no sudeste e Kherson no sul. As duas últimas, juntamente com Donetsk e Luhansk, são as quatro regiões que Putin afirma serem agora território russo.

Em Odesa, uma importante cidade portuária do Mar Negro, a oeste, registaram-se ataques com "drones" durante a noite, que deixaram grande parte da região sem eletricidade, disse o chefe do Governo local, Maxim Marchenko.

As últimas batalhas da guerra que dura há nove meses e meio concentraram-se em quatro províncias que o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou ter anexado no final de setembro.

A luta indica as dificuldades da Rússia para estabelecer o controlo dessas regiões e a persistência da Ucrânia em recuperá-las, noticia a agência noticiosa American Press (AP).

"Bakhmut, Soledar, Maryinka, Kreminna. Por muito tempo, não há nenhum lugar com vida nessas áreas que não tenha sido danificado por granadas e fogo", disse Zelensky no seu vídeo noturno, citando cidades que novamente se encontraram na mira das tropas russas.

 "Os ocupantes na verdade destruíram Bakhmut, outra cidade no Donbass que o Exército russo transformou em ruínas", disse.

Zelensky não especificou o que quis dizer com "destruído" - pois alguns prédios permanecem de pé e os moradores ainda circulam pelas ruas da cidade, noticia a AP.

O Estado-Maior ucraniano deu conta de ataques com mísseis, cerca de 20 ataques aéreos, e 60 ataques com foguetes entre sexta e sábado na Ucrânia.

O porta-voz Oleksandr Shtupun disse que os combates mais ativos ocorreram no distrito de Bakhmut, onde mais de 20 lugares populosos foram atacados. Ele disse que as forças ucranianas repeliram os ataques russos em Donetsk e na vizinha Luhansk.

A ofensiva oriental da Rússia conseguiu capturar quase toda Luhansk durante o verão. Donetsk escapou do mesmo destino, e os militares russos nas últimas semanas utilizaram mão-de-obra e recursos em torno de Bakhmut, numa tentativa de cercar a cidade, disseram analistas e autoridades ucranianas.

Depois de as forças ucranianas ter recapturado a cidade de Kherson, no sul, há quase um mês, os ataques aumentaram em torno de Bakhmut, demonstrando o empenho de Putin em ganhos visíveis, após semanas de claros reveses na Ucrânia.

A tomada de Bakhmut romperia as linhas de abastecimento da Ucrânia e abriria uma rota para as forças russas avançarem em direção a Kramatorsk e Sloviansk, importantes redutos ucranianos em Donetsk.

A Rússia atacou Bakhmut com foguetes durante mais da metade do ano. Um ataque terrestre acelerou em seguida, obrigando as tropas ucranianas a retirar de Luhansk em julho.

Alguns analistas questionaram a lógica estratégica da Rússia na busca incansável de tomar Bakhmut e arredores, que também sofreram intensos bombardeios nas últimas semanas, e onde autoridades ucranianas relataram que alguns moradores viviam em caves húmidas.

"Os custos associados a seis meses de combate brutal, esmagador e baseado no desgaste em torno de Bakhmut superam em muito qualquer vantagem operacional que os russos possam obter com a tomada de Bakhmut", segundo Instituto para o Estudo da Guerra, um "think tank" com sede em Washington, refere num "post" colocado na quinta-feira na sua conta na rede social "Twitter".

Na sexta-feira, Putin criticou os comentários recentes da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que disse que o acordo de paz de 2015 para o leste da Ucrânia negociado pela França e a Alemanha deu tempo para a Ucrânia se preparar para a guerra com a Rússia este ano.

Este acordo visava esfriar as tensões depois que os separatistas pró-Rússia terem tomado o território no Donbass, um ano antes, provocando uma guerra com as forças ucranianas que se transformou numa guerra com a própria Rússia após a invasão em grande escala em 24 de fevereiro último.