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Consumo de gás natural caiu 1,2% até Setembro sobretudo no segmento industrial

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O consumo acumulado de gás natural em Portugal caiu 1,2% até setembro, em termos homólogos, atingindo 47.298 GWh (gigawatts hora), tendo sido este decréscimo "notório" no segmento industrial, segundo informação hoje publicada pela ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

No seu boletim de utilização das infraestruturas de gás relativo ao terceiro trimestre de 2022, a ERSE disse que o "consumo acumulado de gás natural em Portugal, até ao final de setembro de 2022, foi de 47.298 GWh", ou seja, "menos 1,2% do que no mesmo período do ano anterior".

De acordo com a entidade, este "decréscimo do consumo de gás é especialmente visível no segmento industrial (-39% no consumo industrial em alta pressão), mas também nos consumidores mais pequenos (-10,1% no consumo das redes de distribuição)", sendo que "este período está marcado pela elevada volatilidade nos preços grossistas de gás, no contexto da agressão militar da Rússia na Ucrânia", recordou.

No que diz respeito ao consumo de gás para produção de energia elétrica, "o valor acumulado foi de 21.709 GWh, até ao final de setembro de 2022, correspondendo a um crescimento de 38% face ao período homólogo de 2021", destacou a ERSE, explicando que o "aumento do consumo das centrais a gás está associado ao prolongado período de seca".

De acordo com a ERSE, "o aprovisionamento de gás em Portugal foi assegurado maioritariamente a partir do Terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Sines, representando, até ao final de setembro de 2022, cerca de 97% do total de gás importado".

O regulador revelou que nas importações por Sines destacam-se "os fornecimentos da Nigéria (52% do total importado até ao final do 3.º trimestre de 2022) e dos Estados Unidos da América (30%)", indicando que "as importações russas representaram 7% do total, resultado de três navios recebidos no terminal de GNL [gás natural liquefeito] em março, abril e agosto de 2022".

De acordo com a ERSE, "a redução das importações por gasoduto tem sido compensada sobretudo com um crescimento das importações de GNL dos Estados Unidos da América".

No mesmo boletim, a ERSE adiantou que, a "nível europeu, o valor do gás armazenado em cavernas atingiu já 93%, em linha com a meta estabelecida no plano REPowerEU", mas "em Portugal o 'stock' de gás, em 30 de setembro de 2022, foi cerca de 108% da capacidade comercial firme disponível em base anual".

"O 'stock' de gás alcançado por Portugal, que corresponde à capacidade máxima de armazenamento das seis cavernas existentes no Carriço, é inferior à capacidade média de armazenamento subterrâneo na maioria dos países da União Europeia", disse a entidade, recordando que, "neste contexto, o Governo português anunciou em setembro a decisão de construção de mais duas cavernas de gás".

A ERSE revelou ainda que "na Península Ibérica as instalações de armazenamento de gás estão quase a atingir os limites máximos" e que, assim, "alguns navios metaneiros de GNL estão ao largo dos terminais portuários da costa espanhola, aguardando condições de descarga e os preços mais altos do inverno".