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Medidas orçamentais de apoio nos países do euro ascendem a 200 mil milhões

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Foto AFP

As medidas orçamentais adotadas pelos países da zona euro para apoiar os cidadãos a enfrentar a crise energética já ascendem a 200 mil milhões de euros, causando "desafios" aos 19 Estados-membros, disse hoje o presidente do Eurogrupo.

"Através do trabalho da Comissão, fizemos um balanço das medidas e analisámos o seu impacto à medida que as medidas foram sendo implementadas para manter os nossos cidadãos quentes durante o inverno, [pelo que], de acordo com as estimativas da Comissão, os governos da zona euro gastaram até agora coletivamente cerca de um quarto [dos seus orçamentos] no apoio à energia durante o ano", declarou Paschal Donohoe.

Falando em conferência de imprensa no final da reunião dos ministros das Finanças do euro, em Bruxelas, o presidente deste fórum informal precisou estarem em causa "cerca de 200 mil milhões de euros".

"Os ministros reconheceram os desafios dos apoios significativos e a necessidade de uma gestão eficaz entre a redução da inflação, ao mesmo tempo que apoiam tanto as famílias vulneráveis, como também a competitividade internacional da zona euro", apontou Paschal Donohoe.

De acordo com o presidente do Eurogrupo, tais desafios são "uma questão-chave para a combinação global de políticas e para as perspetivas orçamentais para o próximo ano", nomeadamente sobre "o que acontece se as medidas forem prorrogadas até à primavera e para além dessa altura".

"Portanto, este é um momento muito importante para a política orçamental", destacou Paschal Donohoe, referindo que este tema estará em cima da mesa no Eurogrupo do próximo mês, quando haverá uma discussão sobre os planos orçamentais para 2023.

"Esta discussão será uma oportunidade para reforçar ainda mais a coordenação das políticas para alcançar os objetivos de estabilidade [...], de orientação adequada dos nossos apoios e também para incentivar a transição energética", adiantou.

Também presente na ocasião, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, avisou que estas medidas orçamentais devem ser "economicamente viáveis, direcionadas para os mais vulneráveis e preservar o nível de preços", dada a elevada inflação, principalmente 'puxada' pela energia.

"De acordo com os nossos cálculos, a maioria destas medidas -- cerca de 70% adotada pelos Estados-membros [do euro] até agora -- não tem qualquer público-alvo, o que significa que beneficiam a totalidade ou uma grande parte da população", alertou Paolo Gentiloni, embora reconhecendo "progressos".

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu desde logo porque a UE depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás, e teme cortes no fornecimento este inverno, situação que já levou vários líderes europeus a defender trabalho conjunto para enfrentar esta crise energética.

Com Paschal Donohoe a terminar o seu primeiro mandato à frente do Eurogrupo, em meados de janeiro próximo, o responsável revelou à imprensa que a sucessão será decidida na reunião de dezembro, à qual irá novamente concorrer, após assumir o cargo desde julho de 2020.