5 Sentidos

“Sou feminista, mas adoro homens”

Guida Vieira e Célia Pessegueiro estiveram à no Madeira 7 Talks

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A autarca Célia Pessegueiro e a activista Guida Vieira deram lições de política (e de vida) no painel em que partilharam o palco do Madeira 7 Talks, a decorrer no Nini Design Centre sob a temática ‘Mulheres por Cima!’

Guida Vieira deu o mote: “Sou feminista, mas adoro homens”. Aliás, num aparte da conversa e em jeito de resposta à provocação do tema desta edição, concluiu: “Na relação sexual estar por cima também é bom”, também porque “uma boa conversa tem de ter humor”.

Oriunda de família muito pobre, foi uma das sete sobreviventes entre os 11 filhos. Por ser mulher, não lhe foi permitida estudar além da então 4ª classe. “Ainda se fosse um rapaz, fazia-se um esforço, mas é uma rapariga, a 4ª classe está muito bom”, relembrou comentário do pai quando a professora tentou convencê-lo a deixar a filha (Guida) seguir os estudos.

“Tudo o que fiz na minha vida foi pondo-me por cima: do meu pai, que tinha preconceitos, e mesmo cima do palco. Cheguei a ouvir: não parecias uma mulher, parecias um homem”.

Isto para concluir que “para quem não tem nada, conquistar alguma coisa significa que ficamos por cima”.

Afastada da política activa, Guida Vieira continua a adorar política. Só lamenta que “a política está muito mal vista por culpa de alguns políticos”. Fora desse rol está a parceira de conversa. “A Célia [Pessegueiro] é um bom exemplo de política”.

Quando questionada pelo moderador António Barroso Cruz por que razão vivemos na Região uma social democracia há mais de 40 anos, a resposta foi imediata: “Pergunte ao povo”.

Aproveitou o palco para convidar os presentes a marcarem presença, no dia 2 de Dezembro, no lançamento do livro ‘A Vida é um Presente’ que escreveu durante o tempo de confinamento.

Nesta conversa entre duas mulheres de esquerda, Célia Pessegueiro concluiu que afinal há muitas coisas em comum entre os políticos. Para a presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol “o grande problema é não se aceitar falar de política dentro da escola e nos locais de trabalho” porque infelizmente ainda persiste a lógica que ter uma opinião vincada que seja contrária é ficar rotulado do contra. Para a autarca socialista, em qualquer que seja o espaço, “não se pode impedir as pessoas de emitir a sua opinião”, defendeu.

Célia trouxe também à baila a questão das “quotas” para defender a sua existência até que a igualdade entre homens e mulheres seja uma realidade, ou seja, “as coisas só acontecem porque se faz acontecer”.

Parafraseou frase de uma campanha “Toda a gente sabe que o lugar da mulher é onde ela quiser” e a concluir, um desejo: “Espero que nas próximas eleições Autárquicas mais mulheres possam ser presidente de Câmara”.