PS Madeira teme líderes capazes e a escolha do Povo

No passado dia 21 de novembro, este mesmo espaço do DIÁRIO de Notícias, fez publicar uma carta, na qual questionava o silêncio sepulcral do PS Madeira acerca da Revisão Constitucional, lembrando tratar-se de uma matéria essencial para o futuro da Madeira.

Recordei ainda o facto de o projeto de Revisão Constitucional do PSD nacional ter tido o mérito de acolher as principais reivindicações do PSD Madeira e do CDS/PP Madeira.

Enquadrada a questão, vejo-me hoje obrigado a retomar o assunto na sequência das posições entretanto assumidas – tardiamente, mas assumidas – quer por António Costa em reunião da Comissão Política nacional do PS, quer pelo líder do PS Madeira, Sérgio Gonçalves:

1º – António Costa comprometer-se com uma revisão específica para as Autonomias é o mesmo do que dizer: remeto o assunto para as calendas gregas, isto é, para um tempo que nunca virá;

2º – Sérgio Gonçalves, por sua vez, das duas uma: ou é muito verde e não percebeu a mensagem ou fez-se de desentendido, mas com luz verde para assumir uma posição.

E foi o que fez, mas mais valia ter ficado calado. E porquê? Se bem se lembram, e conforme o DIÁRIO nos deu conta, o foco, todo o peso do PS é colocado sobre uma “condição imperativa”: a limitação de mandatos do Presidente do Governo Regional.

E, com isto, secundariza o reforço de competências legislativas, a clarificação de competências na gestão do mar, entre outros assuntos relevantes.

E o que se retira desta posição de Sérgio Gonçalves do PS Madeira é algo muito claro.

A principal preocupação do PS Madeira é a de não permitir que líderes políticos fortes (porque eleitos pela maioria dos cidadãos), com capacidade de concretizar os seus compromissos e de decidir em consonância com os mesmos (porque só assim são reeleitos) possam prosseguir com o seu trabalho em prol do bem comum.

Ou seja, o PS Madeira tem medo de líderes fortes. E tem medo do reconhecimento dos cidadãos e com esta “condição imperativa” procura limitar as suas escolhas.

Concluindo: Para o PS Madeira, a Revisão Constitucional não serve para pensar no aprofundamento da Autonomia, enquanto forma de garantir mais ferramentas legislativas e um alargamento de competências inquestionavelmente necessárias ao futuro da nossa Terra.

Serve sim para olhar única e exclusivamente para o próprio umbigo numa lógica de luta pelo poder e não de serviço à Madeira e do seu Povo.

Nuno Silva