Madeira

PSD endereça voto de pesar pelo falecimento do realizador e produtor António Cunha Telles

Foto Arquivo/Global Imagens/Bruno Castanheira
Foto Arquivo/Global Imagens/Bruno Castanheira

O Grupo Parlamentar do PSD entregou, na Assembleia Legislativa da Madeira, um voto de pesar pelo falecimento do realizador e produtor madeirense António Cunha Telles, enaltecendo o seu contributo para a história do cinema em Portugal.

António Cunha Telles nasceu em 1935, no Funchal. Filho de um advogado português e de uma cantora lírica dinamarquesa, estreou-se, ainda na adolescência, aqui mesmo, na Região, começando a fazer o documentário "Chamo-me António da Cunha Telles".

Passou pela Medicina, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e, depois, estudou realização no Institut d'Hautes Études Cinematographique, em Paris, onde frequentava as sessões diárias da Cinemateca Francesa e se cruzou com Paulo Rocha. Seria dele o primeiro filme por si realizado – 'Os Verdes Anos'.

Depois desse primeiro filme, produziu e realizou tantos outros que personificariam o Cinema Novo português. Fundou, com dinheiro de uma herança familiar, a Produções Cunha Telles, produtora que esteve por trás desses seus filmes primeiros.

De regresso a Portugal, liderou o Jornal 'Imagens de Portugal', os serviços de cinema da Direção-Geral do Ensino Primário, formações na Mocidade Portuguesa e foi operador de câmara na RTP.

Cunha Telles foi responsável pela criação do curso universitário de Cinema Experimental, que a Cinemateca Portuguesa, e com a Animatógrafo, a partir de 1973, possibilitou a exibição, em Portugal, de filmes clássicos de reconhecidos cineastas.

Estreou-se, também nos anos 70, nas longas-metragens de ficção com 'O Cerco', que viria a ser apresentado, no ano de lançamento, em Cannes, e que, em terras lusas, foi mesmo o primeiro grande sucesso do Cinema Novo, esgotando todas as sessões durante os primeiros três meses de exibição.

"Belle Epoque - A Bela Época", de Fernando Trueba, de que Cunha Telles foi produtor associado não creditado, chegou a ser vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro para a Espanha.

Considerado figura fundamental do lançamento do Cinema Novo português, foi, em 2018, agraciado, pela Presidência da República, com o grau de Grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Deixa um filme praticamente concluído - Cherchez La Femme – que contou com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual e que, conforme António Cunha Telles afirmou ao Público, recentemente, surgiu com “a liberdade de fazer um filme de época, com décors, guarda-roupa e outras muitas despesas”.