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Macron tenta reavivar diálogo político na Venezuela entre Maduro e oposição

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A França procurou hoje reavivar o diálogo paralisado entre a fação do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e os seus opositores, numa tentativa de retirar a Venezuela do impasse político, embora nenhum avanço tenha sido anunciado no imediato.

O Presidente francês, acompanhado dos homólogos argentino e colombiano, Alberto Fernández e Gustavo Petro, respetivamente, reuniu na capital francesa os principais negociadores dos dois lados, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, e o opositor Gerardo Blyde, por ocasião do Fórum de Paz de Paris.

Esta reunião foi vista como promissora, apesar das duas fações não terem informado no final das negociações nenhum acordo ou data para a retoma do diálogo formal que foi iniciado na Cidade do México, mas que desde outubro de 2021 está congelado.

Em comunicado, os três presidentes "manifestaram o seu total apoio à retoma do processo de negociação intervenezuelano, como única forma de permitir a resolução de uma profunda crise que levou milhões de venezuelanos a deixar o seu país".

Os chefes de Estado "encorajaram os negociadores a continuarem os seus esforços para chegar a acordos nos campos humanitário e político, com base no Memorando de Entendimento assinado na Cidade do México pelas duas partes em 13 de agosto de 2021".

A presidência francesa (Eliseu) esperava "criar impulso" para pressionar o Governo de Maduro e a oposição em concordar em particular sobre as condições para organizar a próxima eleição presidencial, teoricamente prevista para 2024.

"Estamos a progredir. Estamos a avançar. Este evento (...) permitiu-nos ajudar e apoiar este esforço para retomar o diálogo", sublinhou à agência France-Presse (AFP) o enviado de Nicolás Maduro, Jorge Rodríguez.

No entanto, este foi inflexível sobre certas condições exigidas pelo governo venezuelano: a libertação de Alex Saab e a flexibilização das sanções contra a Venezuela.

O Governo fechou a porta das negociações em outubro de 2021 em retaliação à extradição para os Estados Unidos por Cabo Verde de Alex Saab, colaborador próximo do presidente venezuelano e intermediário do poder no exterior, acusado de lavagem de dinheiro por Washington.

Por seu lado, o representante da oposição, Gerardo Blyde, manifestou a esperança que em breve possam haver "boas notícias" sobre o relançamento do processo no México.

Gerardo Blyde vincou ainda que a oposição na Venezuela não se deve ofender com as conversas entre líderes franceses e venezuelanos que ocorreram no Egito, mesmo que Emmanuel Macron tenha chamado Nicolas Maduro de "Presidente", apesar da França, e muitos outros países, incluindo os Estados Unidos, não reconhecerem em teoria a sua legitimidade à frente do país sul-americano.

"Macron é um democrata, mas entende bem que temos que procurar soluções e que não podemos ficar congelados numa fotografia de um determinado momento. O mundo muda, as situações mudam e as necessidades também. Temos obrigação de usar as melhores ferramentas que temos para procurar a democracia e a liberdade na Venezuela", salientou Blyde.

A tentativa de mediação francesa insere-se num contexto de relativo degelo internacional em relação ao poder de Caracas.

A situação mudou consideravelmente. Na região, começou com a eleição em agosto de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda na Colômbia, que iniciou uma normalização entre os dois vizinhos com a retoma das relações diplomáticas interrompidas por três anos.

No cenário internacional, com a guerra na Ucrânia que elevou os preços do petróleo, a situação levou os Estados Unidos e a França a reexaminarem as suas posições em relação a Caracas, produtor de petróleo com reservas significativas.