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Altos e baixos do primeiro ano de mandato de Joe Biden como presidente dos EUA

Foto EPA/Ken Cedeno/POOL
Foto EPA/Ken Cedeno/POOL

Um ano depois de ter chegado à Casa Branca, o Presidente dos EUA, Joe Biden, percorreu uma montanha-russa de altos e baixos políticos, onde os seus fracos indicadores de popularidade refletem a predominância de insucessos.

Eis uma lista dos principais sucessos e insucessos do primeiro ano de mandato de Joe Biden.

Insucessos:

Violência armada.

Na campanha eleitoral de 2020, Biden tinha prometido às famílias de vítimas de violência armada que iria aumentar o controlo de compra e uso de armas.

"No meu primeiro dia no gabinete, vou enviar um projeto de lei para o Congresso" sobre o controlo de venda de armas, prometeu Biden durante a campanha, mas apenas em abril de 2021 assinou uma ordem executiva sobre armas, ainda assim em termos muito mais vagos do que aqueles que apresentou em campanha.

Nos EUA, ao longo de 2021 morreram cerca de 20 mil pessoas por crimes armados e, até hoje, Biden não conseguiu apoio no Congresso para fazer aprovar legislação significativa sobre controlo de armas.

Inflação.

Em 2021, a inflação nos EUA subiu para 6,8%, a marca mais alta desde 1982, e a Reserva Federal norte-americana já anunciou que vai ter de subir a taxa de juro, pelo menos por duas vezes, num esforço de tentar controlar a espiral de ascensão dos preços.

A Casa Branca não escondeu a irritação quando, há poucas semanas, o antigo secretário do Departamento do Tesouro Larry Summers avisou que a inflação iria deitar por terra grande parte do plano económico de Joe Biden, considerado uma peça essencial de governação para este mandato.

A subida da inflação não é alheia aos milionários planos de investimento que Biden tem conseguido aprovar no Congresso, nomeadamente o programa de 1,2 biliões de dólares (cerca de um bilião de euros) em infraestruturas e o plano de recuperação económica face à pandemia de covid-19, de 1,9 biliões de dólares (cerca de 1,7 biliões de euros).

Saída militar do Afeganistão.

Quando parecia que a política externa de Biden estava a permitir pacificar a ordem internacional e apaziguar os norte-americanos com a posição dos EUA no cenário mundial, eis que o Presidente anuncia para o final de agosto de 2021 a retirada total das tropas no Afeganistão, cumprindo um compromisso assumido pelo seu antecessor, Donald Trump.

A consequente tomada de poder pelos talibãs e as imagens televisivas de pessoas que se agarravam aos trens de aterragem de aviões que partiam do aeroporto internacional de Cabul para fugir ao novo regime chocaram o mundo e mancharam a imagem externa da Casa Branca.

Reforma da Lei Eleitoral.

O Partido Democrata de Joe Biden mostrou-se muitas vezes descontente com os obstáculos ao voto das minorias, em particular nos estados mais conservadores, propondo uma alteração radical na Lei Eleitoral, que interfere em grande parte na autonomia dos governos estaduais nesta área.

O propósito era eliminar mecanismos que afastavam as populações mais desfavorecidas das mesas de voto, mas o Partido Republicano cedo fez saber que não alinharia com os democratas nos dois projetos de lei apresentados no Congresso.

Biden ainda tentou alterar as regras internas de funcionamento do Senado, para tentar facilitar a aprovação da reforma na câmara alta do Congresso, mas não conseguiu sequer, para já, unir a bancada dos democratas à volta desta ideia.

Sucessos:

Alterações climáticas.

Biden conseguiu que todos os membros do seu Governo tivessem colocado como prioridade nas suas agendas políticas a questão das alterações climáticas e o discurso na conferência climática de Glasgow em 2021 do enviado norte-americano para o Clima, John Kerry, mostra que muito nesta área evoluiu na Casa Branca.

No início deste ano, a vice-Presidente, Kamala Harris, apresentou um programa para criação de 500 mil postos de carregamento para carros elétricos em todo o país, revelando que há uma atitude pró-ativa de mudança de atitude sobre o Clima, na Casa Branca.

O combate à pandemia de covid-19.

O programa de alívio financeiro à pandemia de covid-19, no valor de 1,9 biliões de dólares (cerca de 1,7 biliões de euros), destinado a famílias, aos estados e a várias cidades, foi elogiado por republicanos e democratas.

Esta foi uma das promessas eleitorais que Biden conseguiu fazer aprovar com mais rapidez no Congresso, permitindo a milhões de norte-americanos fazer frente às dificuldades económicas provocadas pela crise sanitária.

Ao mesmo tempo, Biden conseguiu impor um programa de vacinação que chegou a mais de 200 milhões de pessoas, apesar de uma parte importante da população (sobretudo nas áreas mais conservadoras do país) continuar a resistir às vacinas.

Esta resistência às vacinas está também por detrás do ressurgimento de recentes novas vagas da pandemia, que continuam a deixar os EUA como um dos países mais afetados pela crise sanitária, mas os Centros de Controlo de Doenças (CDC, na sigla em inglês) apresentaram um recente relatório com sinais de esperança para o controlo da situação nos próximos meses.

Regresso à Organização Mundial de Saúde (OMS) e aos tratados de controlo de armas.

Apesar de reconhecer que a OMS continua muito dependente da influência de Pequim -- uma acusação, de resto, repetida pelo ex-Presidente Donald Trump -- o Governo dos EUA retomou as relações com a organização, reconhecendo o seu papel no combate à pandemia de covid-19 e prometendo mais ajuda finaceira.

Ao mesmo tempo, Biden disponibilizou-se para uma cimeira com o seu homólogo russo -- em junho, em Genebra -- para discutir várias matérias de relacionamento bilateral, em particular a recuperação de tratados de controlo de armas.

Perante a iminência da caducidade do Tratado Estratégico de Redução de Armas (START), Biden e Putin mobilizaram uma comissão negocial que já concordou em alargar este acordo por mais cinco anos e que está a analisar a sua futura atualização.