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Caracas solicita a Espanha extradição de antigo diretor dos serviços secretos militares

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O Ministério Público (MP) da Venezuela anunciou hoje que solicitou a Espanha a extradição do antigo diretor dos serviços secretos militares venezuelanos, Hugo Carvajal Barrios, que é procurado pelos Estados Unidos por alegado tráfico de drogas.

"Em 21 de setembro de 2021, foi pedido ao Tribunal do caso que iniciasse um procedimento de extradição ativa deste cidadão, que se sabe que se encontra no Reino de Espanha", anunciou o Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, durante uma conferência de imprensa em Caracas.

A decisão, explicou, "tem por antecedente um mandado de detenção e um pedido de extradição aprovado pela justiça venezuelana em 2019", com base nos delitos de "traição à pátria, conspiração continuada, financiamento do terrorismo e associação" para cometer delito.

Também, por estar envolvido "na Operação Constituição, uma conspiração para atentar contra a vida do Primeiro Mandatário Nacional (da Venezuela, Nicolás Maduro) e realizar assassinatos seletivos de dirigentes políticos", disse o procurador.

Segundo Tareck William Saab está também vinculado a essa operação o coronel Oswaldo Valentín García Palomo, que "contava com a disposição de 300 ex-funcionários policiais, que participariam em atividades criminosas".

O procurador-geral da Venezuela precisou que foram detidas 11 pessoas e há sete ordens de detenção por executar, entre elas a do antigo diretor dos serviços secretos militares venezuelanos, Hugo Carvajal, que é procurado pelas autoridades venezuelanas desde 26 de fevereiro de 2019.

Tareck William Saab insistiu que Hugo Carvajal "se alinhou com um setor extremista" da oposição, liderado pelo ex-presidente do parlamento, Juan Guaidó, "que se autoproclamou" presidente interino do país, "de maneira ilegal, numa espécie de governo de ficção".

Em 19 de setembro de 2021 a polícia espanhola deteve o antigo diretor dos serviços secretos militares venezuelanos, numa operação conjunta entre a agência de combate ao tráfico de droga norte-americana DEA e a Unidade de Intervenção espanhola.

Conhecido como "el Pollo", Carvajal vivia "totalmente enclausurado, sem sair para o exterior nem se aproximar da janela e sempre protegido por pessoas da sua confiança", disseram as autoridades espanholas.

Em junho de 2020, os EUA ofereceram 10 milhões de dólares (8,45 milhões de euros) por informações que levassem à detenção de Hugo Carvajal.

Alvo de um mandado de extradição pedido pelos EUA, Carvajal tinha sido capturado em Espanha, em 12 de abril de 2019.

Carvajal foi posteriormente libertado sob caução, mas com passaporte confiscado, não podia sair da região de Madrid, e deveria apresentar-se ao tribunal a cada 15 dias.

O antigo oficial foi a figura mais influente da hierarquia militar venezuelana a apoiar publicamente, em fevereiro de 2018, o opositor, presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado Presidente interino venezuelano Juan Guaidó.

Na mesma altura, Carvajal apelou aos militares venezuelanos para se revoltarem com o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Acabou por ser um de 13 oficiais expulsos das Forças Armadas da Venezuela por decreto presidencial, de acordo com o qual os militares tinham sido visados por não reconhecerem as autoridades legalmente constituídas e por incorrerem no delito de traição à pátria.

Em maio de 2018, o Departamento do Tesouro norte-americano incluiu na "lista negra" de narcotraficantes Pedro Luis Martin Olivares, um antigo responsável do serviço de informações da Venezuela, acusado de lavagem de dinheiro procedente do narcotráfico juntamente com Carvajal.

Hugo Carvajal foi indiciado no passado por acusações relacionadas com tráfico de droga nos estados norte-americanos da Florida (sudeste) e de Nova Iorque (nordeste).

Em 2014, o militar escapou à extradição para os Estados Unidos, depois de ter sido detido por um curto período de tempo em Aruba, onde era cônsul da Venezuela.