Em recente carta com o título supracitado um leitor insurge-se contra o facto de o Presidente da República ter convidado o general Ramalho Eanes para presidir à comissão nacional das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. O leitor tem todo o direito de discordar da personalidade escolhida para presidir à a referida comissão para a qual certamente preferiria em vez de um militar genuíno de Abril alguém ligado à extrema esquerda. Os objetivos do golpe militar de 25 de Abril de 1974, estão bem explícitos no Programa do Movimento das Forças Armadas (PMFA), e podem sintetizar-se em pôr fim à ditadura do Estado Novo, acabar com a guerra do ultramar e repor a democracia em Portugal. Só que à data o PCP liderado por Álvaro Cunhal com o apoio do então primeiro ministro Vasco Gonçalves procurou aproveitar-se da instabilidade política e impor aos portugueses uma ditadura comunista sob os auspícios da ex-União Soviética e isso sim, subverteria completamente o desígnio e os objetivos do golpe militar de 25 de Abril de 1974. Contrariamente ao que o leitor afirma na sua carta o pronunciamento militar de 25 de Novembro de 1975 não foi contra o 25 de Abril de 1974, antes serviu para reafirmar e repor os seus objetivos genuínos plasmados no Programa do Movimento das Forças Armadas (PMFA) que norteou os militares que planearam e executaram o golpe militar de 25 de Abril de 1974, os mesmos que na sua esmagadora maioria apoiaram o 25 de Novembro de 1975. Portanto se há alguém que está completamente desfasado da realidade e da verdade histórica e procura deturpá-la a todo o custo, no que é recorrente, é o leitor que tanto quanto posso presumir e em face do que escreveu nunca deve ter lido o PMFA. Inusitado ainda que interessante é que o leitor no meio de todas as suas contradições acabe por acertar no título da sua carta que agora é replicado nesta, “Novembro de 1975 comemora Abril de 1974”, quanto a isso estou perfeitamente de acordo.

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