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Vaticano apela ao mundo para acolher refugiados afegãos

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O jornal do Vaticano apelou à comunidade internacional para acolher civis afegãos em fuga dos talibãs, num artigo em que se expressa incredibilidade por um "cenário tão previsível" não ter sido evitado.

Num artigo de primeira página da edição mais recente do L'Osservatore Romano, citada hoje pela Associated Press, o editor-adjunto Gaetano Vallini defendeu que o Ocidente está obrigado a remediar urgentemente a situação e acolher refugiados afegãos.

Tal obrigação visa evitar uma "emergência humanitária catastrófica", lê-se no jornal detido pelo Vaticano.

Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Gallini manifestou-se chocado que "antes de decidir abandonar o país ninguém pensou num cenário tão previsível nem fez nada para o evitar".

"Seria ainda mais grave se tal decisão fosse tomada com o conhecimento de consequências tão dramáticas", escreveu.

Com o título "A responsabilidade de acolher", o artigo domina a primeira página do jornal e é ilustrado com uma fotografia de afegãos a tentar passar crianças por cima de um muro com arame farpado no aeroporto de Cabul.

"Durou apenas alguns dias a emoção despertada pelas imagens de afegãos a lotar o aeroporto de Cabul na esperança de poder deixar o país, que voltou para as mãos dos talibãs", lamentou o editor-adjunto do jornal do Vaticano.

O Papa Francisco manifestou o seu alarme perante o caos que envolveu o Afeganistão no dia em que os talibãs assumiram o poder em Cabul.

Durante a sua bênção dominical, Francisco pediu orações pelo fim da violência e para que homens, mulheres e crianças afegãs pudessem viver em paz e segurança "totalmente recíprocas".

Numa entrevista há dois dias, o Presidente norte-americano, Joe Biden, refutou as críticas de que os Estados Unidos deveriam ter planificado melhor a retirada do Afeganistão, que deveria terminar em 31 de agosto.

"A ideia de que poderia haver uma forma de escapar sem causar caos, não sei como isso poderia ter acontecido", disse Biden.

Desde que os talibãs assumiram o controlo de Cabul, milhares de afegãos dirigiram-se para o aeroporto de Cabul para tentar fugir do país.

Desde então, os Estados Unidos e os seus aliados, incluindo Portugal, têm estado a tentar retirar do Afeganistão milhares de estrangeiros e de afegãos que trabalharam para embaixadas e organizações internacionais.

A segurança no aeroporto de Cabul tem estado a cargo de tropas norte-americanas.