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Grupo de 48 refugiados afegãos chegou hoje a Espanha

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EPA/IGOR KOVALENKO

Um avião das Forças Armadas espanholas com o primeiro grupo de pessoas retiradas por Espanha do Afeganistão aterrou hoje na base aérea de Torrejón de Ardoz com 53 pessoas a bordo, entre as quais 48 afegãos e cinco espanhóis.

Também a Polónia retirou hoje cidadãos do território afegão e anunciou o envio de um contingente de 100 militares para o país, para participar na operação de exfiltração de cidadãos polacos.

O aparelho das Forças Armadas espanholas aterrou na base aérea dos arredores de Madrid por volta das 04:30 (03:30 em Lisboa) depois de oito horas de voo entre o Dubai e Espanha.

De acordo com a agência Efe os refugiados mostravam sinais de fadiga.

Os passageiros do avião militar foram submetidos a testes de diagnóstico de covid-19 sob a assistência de elementos da Cruz Vermelha e do Ministério da Defesa.

Por decisão do governo espanhol, os refugiados não fizeram declarações aos jornalistas presentes no local.

Durante as próximas 72 horas, os cidadãos afegãos vão permanecer num acampamento militar com capacidade para 800 pessoas junto à base de Torrejón de Ardoz.

Dentro de três dias os pedidos de asilo vão ser formalizados junto da Polícia Nacional sendo que mais tarde os refugiados vão ser transportados para centros ou casas do Estado em vários pontos de Espanha.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, presente na base militar, disse que o país prevê retirar do Afeganistão todos aqueles que colaboraram com Madrid, entre os quais tradutores.

Muitos civis afegãos que constam da lista da embaixada de Madrid em Cabul enfrentam dificuldades para chegarem ao aeroporto da capital do Afeganistão devido à vigilância dos talibãs que reconquistaram o poder no passado domingo. 

O chefe da diplomacia espanhola disse ainda que a situação em Cabul é "extremamente complexa" e que existem "certos engarrafamentos" na entrada do aeródromo apesar de as forças norte-americanos manterem o controlo do local.

"Colocamos à disposição todos os meios necessários mas há uma coisa que escapa ao nosso controlo. O aeroporto de Cabul não está nas mãos de Espanha", disse o ministro.

Albares disse também que todos os países europeus e da Aliança Atlântica, com "pessoal no Afeganistão", enfrentam as mesmas dificuldades. 

"Espanha não vai deixar de se empenhar (...) para trazer o máximo de colaboradores e os familiares o mais rápido possível", acrescentou sem fornecer dados sobre o eventual segundo voo de retirada organizado pelo governo de Madrid.

A saída dos refugiados de Cabul para Madrid está a ser coordenada pelo embaixador de Espanha no Afeganistão e 20 polícias espanhóis.

Em Portugal, o ministro da Administração Interna disse na quarta-feira que Lisboa espera receber refugiados do Afeganistão "tão breve quanto possível", acrescentando que as autoridades portuguesas esperam acolher cerca de 50 pessoas que cooperaram com os serviços da União Europeia.

O número de refugiados afegãos que Portugal vai receber ainda não é certo, e também não há uma data definida para a chegada, disse à Lusa Eduardo Cabrita , no final da reunião ministerial do Mecanismo Integrado da União Europeia de Resposta Política a Situações de Crise, que decorreu durante a tarde por videoconferência.

O processo, adiantou o ministro da Administração Interna, vai começar "tão breve quanto possível", sendo que nos próximos dias os ministros europeus dos Assuntos Internos vão voltar a reunir-se sobre a atual situação no Afeganistão.

Nas últimas horas, a Polónia anunciou o envio de um contingente de 100 militares para o Afeganistão onde vão participar na operação de exfiltração de cidadãos polacos e de pessoas de outros países, em coordenação com os Estados aliados. 

A missão dos militares polacos vai prolongar-se até ao dia 16 de setembro.

Entretanto, o primeiro avião polaco com pessoas que se encontravam no Afeganistão chegou durante a noite ao aeroporto militar de Varsóvia.

O grupo foi inicialmente transportado do Afeganistão para Uzbequistão.