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Estudo revela que alunos querem práticas mais participativas nos museus

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Uma investigação sobre as relações entre alunos do terceiro ciclo e museus de arte contemporânea revela que os jovens reclamam por práticas mais participativas do que aquelas que a escola e os museus oferecem, indicam quatro estudos de caso.

A investigação foi publicada no livro "Museus e Escola. As Relações Pedagógicas e o Papel dos Jovens", de Marta Ornelas, lançado na terça-feira, ao fim da tarde, no quadro de um conjunto de publicações a apresentar ao longo de abril pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e a editora Caleidoscópio.

"O cumprimento do currículo e as imposições programáticas dos museus constituem constrangimentos à criação de relações pedagógicas entre museus e escolas", conclui, no trabalho, a investigadora doutorada em Artes e Educação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona, e mestre em Museologia e Património pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Marta Ornelas observou, durante a investigação, ainda que "a legitimidade para ensinar está ainda muito centrada na figura docente ou de quem dinamiza as visitas nos museus, enquanto aos estudantes é atribuído um papel essencialmente subordinado".

"É a escola que aprende com o museu, sendo muito raramente criadas oportunidades para que o museu aprenda também com a escola. Contudo, a forma como as professoras e as educadoras de museu encaram o conhecimento, a aprendizagem e a arte contemporânea é determinante para o modo como os estudantes aprendem", considera a investigadora também licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

Professora no ensino básico e secundário, desde 1998, e no ensino superior - 2002 e 2016 -, é formadora de professoras e membro da direção da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV).

"Se aos jovens for dado um espaço participativo e de autoria na relação com o museu, isso permitirá a criação de propostas alternativas às 'macronarrativas', sejam estas provenientes dos museus ou mesmo da própria escola tradicional que perpetua a ordem social", conclui ainda, no estudo.

Em 2018, Marta Ornelas fundou a Arte Central, um projeto que nasceu para levar a educação artística a todas as pessoas e cresceu a instigar a relação entre as escolas e as instituições culturais, sob uma perspetiva construtivista e de luta contra a discriminação e a desigualdade.

A Arte Central é membro da InSEA -- International Society for Education Through Art -- e da WAAE - World Alliance for Arts Education.

A parceria entre a DGPC e a Editora Caleidoscópio foi celebrada em 2015, com o objetivo de editar a Coleção Estudos de Museus, constituída por obras de investigação no domínio dos museus e da museologia, lançando quatro títulos por ano.

Os livros abordam temas tão diversos como a história dos museus e das coleções, as áreas educativas e museográficas e temas da contemporaneidade, entre outros, e a seleção das obras a editar é efetuada por um conselho editorial, composto por Fernando António Baptista Pereira (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), Raquel Henriques da Silva (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), Alice Semedo (Universidade do Porto), Pedro Casaleiro (Universidade de Coimbra), Vítor Serrão (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), Clara Frayão Camacho (representante da Direção-Geral do Património Cultural) e Jorge Ferreira (pela editora Caleidoscópio).

O livro de Marta Ornelas, "Museus e Escola. As Relações Pedagógicas e o Papel dos Jovens", é o vigésimo volume da coleção.

Durante este mês de abril já foram também lançados "Transformar Arte Funcional em Objeto Museal", de Sofia Ponte, "Diogo de Macedo e o Museu de Arte Contemporânea. Pioneirismo e Herança na Redefinição do Museu de Arte", de Isabel Falcão, e, a 27 de abril, às 18:00, está previsto o lançamento do estudo de Stefanie Franco, "Os Imperativos da Arte. Encontros com a loucura".