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Diplomacia da UE vai aplicar sanções à empresa de mercenários russos Wagner

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) preveem apoiar no próximo dia 13 sanções contra a empresa de mercenários russa Wagner, presente em países como a República Centro-Africana (RCA), por violações graves dos direitos humanos.

Além da empresa, as sanções vão abranger oito pessoas e três entidades relacionadas, avançaram fontes comunitárias, e esperam que sejam aprovadas no dia 13, por ocasião do conselho europeu destes ministros.

"Vamos sancionar o grupo Wagner enquanto tal, bem como mais três entidades e oito indivíduos que lhes estão associados", assinalaram.

A UE acusa a Wagner de atuar em países como Ucrânia, Síria, Líbia e RCA.

Além disso, juntamente com a comunidade internacional, mostrou-se preocupada pela sua eventual presença no Mali, cujo governo está alegadamente a negociar com a empresa paramilitar a prestação de serviços de segurança.

As sanções vão responder, especificaram as fontes, a "grandes violações dos direitos humanos em diferentes países".

As medidas restritivas vão consistir na proibição da entrada em território comunitário e no congelamento de ativos que possam ter na UE.

Os ministros devem aprovar as sanções em ponto sem debate durante o Conselho, depois de os 27 Estados terem alcançado um acordo político.

Fontes diplomáticas disseram, por sua parte, que a sociedade paramilitar privada russa é um "elemento utilizado para contribuir para a desestabilização da Europa e da sua segurança".

As mesmas fontes realçaram que "este é um fenómeno observado na vizinhança muito próxima da UE e em zonas mais afastadas, em particular na vizinhança sul e africana", adiantando que na segunda-feira vão ser adotadas "sanções substanciais para designar indivíduos e sociedades ligadas a esta empresa militar e permitir lutar contra as suas atividades".

No caso da RCA, um relatório enviado no final de novembro ao Conselho Europeu e elaborado pelo Serviço de Ação Externa Europeia, sobre o Ambiente Político e Estratégico da missão de política comum de segurança e defesa no país, indicou que "a maior parte das unidades das Forças Armadas Centro-Africanas deslocadas no terreno estão a operar sob comando ou supervisão direta dos mercenários do Warner Group (WG)".

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na intitulada Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonar as suas casas.

De acordo com dados disponibilizados na página oficial do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), estão destacados na RCA 188 militares portugueses no âmbito da missão da ONU no país (MINUSCA).

No âmbito da missão da União Europeia (EUTM-RCA) de formação e aconselhamento das forças de segurança e defesa, estão empenhados outros 20 militares.

Em 30 de setembro, a 10.ª Força Nacional Destacada (FND) para a RCA, composta por 180 militares, recebeu o Estandarte Nacional, e está operacional desde 15 de novembro.

O comandante desta FND, tenente-coronel Jorge Pereira, chefia um grupo composto por 169 homens e 11 mulheres, sendo que, a maior parte -- 91 -, são militares do Regimento de Comandos, incluindo-se também três da Força Aérea.