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França e Alemanha querem reunir-se com russos e ucranianos

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GABINETE DE IMPRENSA DA PRESIDÊNCIA DA UCRÂNIA/AFP

A França e a Alemanha querem organizar um encontro com a Rússia e a Ucrânia o "mais rapidamente possível" para tentar solucionar a crise na fronteira russo-ucraniana, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.

Em declarações em Paris após ter recebido a sua nova homóloga alemã, Annalena Baerbock, Jean-Yves Le Drian disse que os dois países têm o "desejo comum" de organizar uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França.

"Constato que o formato da Normandia não foi posto em causa", disse Jean-Yves Le Drian, referindo-se ao diálogo entre os quatro países sobre o conflito na região ucraniana de Donbass (leste).

"Sabemos o que precisa de ser feito. Precisamos agora da vontade política para o fazer e esta vontade política pode ser expressa muito claramente numa reunião [ministerial] no formato da Normandia", afirmou.

Le Drian disse ainda esperar que Moscovo partilhe da mesma vontade e saudou o recente encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, referindo ser necessário "manter canais de diálogo".

Numa videoconferência na terça-feira, Biden ameaçou Putin com "fortes sanções económicas" se a Rússia invadir a Ucrânia, enquanto o Presidente russo exigiu, sem sucesso, garantias sobre o congelamento da expansão da NATO no Leste da Europa.

A conversa entre os dois líderes foi vista como um enfraquecimento do chamado formato de negociação Normandia.

Os países ocidentais acusaram a Rússia de estar a concentrar dezenas de milhares de tropas na sua fronteira com a Ucrânia, suscitando receios de uma invasão daquele país, mas Moscovo negou ter essas intenções.

Em novembro, a Rússia recusou um convite dos governos francês e alemão para realizar uma reunião de quatro ministros dos Negócios Estrangeiros em França, no âmbito do formato Normandia.

No final do encontro com o seu homólogo francês, Annalena Baerbock defendeu que os acordos de Minsk "devem continuar a ser a base de trabalho".

A nova chefe da diplomacia da Alemanha reiterou que a Rússia pagará um "grande preço político e sobretudo económico no caso de uma nova violação da soberania ucraniana".

Os acordos de Minsk, concluídos após a anexação russa da Crimeia em 2014, deveriam ter resolvido o conflito na Ucrânia oriental entre as forças de Kiev e os separatistas pró-russos, mas nunca foram realmente implementados.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) tem a missão de verificar o cumprimento dos acordos.