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Londres vê condenação de Suu Kyi como tentativa horrível de sufocar a oposição

Foto: EPA/FRANCK ROBICHON
Foto: EPA/FRANCK ROBICHON

O Governo britânico considerou hoje que a condenação da líder birmanesa Aung San Suu Kyi a quatro anos de prisão por incitamento contra a ordem pública é uma "tentativa terrível (...) de sufocar a oposição".

A líder da Liga Nacional para a Democracia, presa após o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro, foi condenada hoje a uma pena de quatro anos de prisão por incitamento contra a ordem pública e violação das regras sanitárias contra a pandemia de covid-19.  

"A condenação de Aung San Suu Kyi é mais uma tentativa terrível do regime militar de Myanmar (antiga Birmânia) de sufocar a oposição e suprimir a liberdade e a democracia. O Reino Unido apela ao regime para libertar os presos políticos e comprometer-se com o diálogo no sentido de permitir o regresso da democracia", refere um comunicado da chefe da diplomacia britânica, Liz Truss.

Aung San Suu Kyi, 76 anos, encontra-se sob regime de prisão domiciliária desde o golpe de Estado militar. 

Julgada desde o passado mês de junho, Aung San Suu Kyi é acusada de vários crimes: importação ilegal de aparelhos de telecomunicações (walkie-talkies), sedição, corrupção e fraude eleitoral, entre outros. 

Os membros da oposição e observadores internacionais denunciam tratar-se de um processo político para neutralizar a vencedora das eleições de 2015 e de 2020.

Hoje, a ex-chefe do Governo civil deposta em fevereiro, "foi condenada" (a quatro anos de prisão) disse à AFP Zaw Min Tun, porta-voz da Junta Militar. 

O ex-chefe de Estado Win Myint foi condenado também a quatro anos de cadeia no mesmo julgamento.  

"Eles são acusados em outros processos", sendo que vão manter-se em prisão domiciliária em Naypyidaw, capital administrativa do país, disse o mesmo porta-voz sem fornecer mais detalhes.

O próximo veredicto deve ser conhecido no próximo dia 14 de dezembro, por mais uma "infração à lei de catástrofes naturais".

Os jornalistas foram impedidos de acompanhar as sessões em tribunal e os advogados de defesa foram proibidos de qualquer contacto com a imprensa. 

De acordo com uma organização de defesa de direitos humanos local, em contacto com a Amnistia Internacional, pelo menos 1.300 pessoas foram mortas e 10.000 foram presas pelo regime militar no poder na sequência do golpe de Estado.