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Macron prolonga 'tabu' de recandidatura em França, entre críticas a Le Pen e Zemmour

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Foto EPA/JOHANNA GERON / POOL

O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu-se de críticas pessoais e ao seu mandato presidencial, mantendo o 'tabu' sobre a sua recandidatura, mas desferindo ataques a candidatos já no terreno, especialmente a Éric Zemmour e Marine Le Pen.

"Se me perguntarem se tenho ambições para o país depois do mês de abril [quando se realizam as eleições presidenciais]... É evidente. [...] Mas hoje não consigo ainda responder a essa questão, devido ao país e a mim próprio", afirmou Emmanuel Macron, quando questionado sobre a sua recandidatura numa entrevista de duas horas no principal canal da televisão francesa, TF1.

Noutro momento da entrevista conduzida por dois jornalistas no Palácio do Eliseu, Macron disse ainda que "um país não se constrói em cinco anos". 

Mesmo sem se assumir como candidato, Macron deixou mensagens aos seus potenciais concorrentes, particularmente os que dividem o eleitorado da extrema-direita - Le Pen e Zemmour - e à crescente violência na arena política em França.

"Constato que os dirigentes políticos estão a legitimar cada vez mais formas de violência. Eu penso que isso é um erro funesto, porque damos legitimidade a tudo, progressivamente, e eu condeno tudo e todos os que jogam com a violência", concluiu.

A entrevista foi também um momento para Emmanuel Macron admitir erros do passado, afirmando que sabe ter "magoado" os franceses, nomeadamente quando deu a entender que seria fácil para os jovens encontrar trabalho, o que admitiu ter sido "duro" e "impetuoso".

"Sempre tive esta energia pelos franceses, para tentar que as coisas avancem. Eu aprendi a amar melhor, a ser mais indulgente. [...] Quando fui eleito, eu amava os franceses e, hoje, posso dizer que amo ainda mais", disse o Presidente com a voz embargada.

Macron anunciou que a reforma das pensões, uma das suas propostas mais importantes, que enfrentou muita resistência de sindicatos e trabalhadores e ficou dois anos congelada devido à covid-19, não vai avançar até abril.

"Estamos cansados, não é uma urgência. O país vai ter um debate democrático tendo em conta as eleições presidenciais. É preciso coragem. Se não tivesse havido uma epidemia na primavera de 2020, esta reforma teria ido até ao fim", justificou o Presidente.

Quanto à pandemia, Emmanuel Macron defendeu que é preciso continuar a ser "prudente", garantindo que a vacinação das crianças vai ficar sempre ao critério dos pais, embora considere "desejável" que todas a crianças sejam vacinadas.

"As autoridades sanitárias explicaram que era bom proteger as crianças. Vemos um vírus que circula muito entre as crianças e acho que é desejável vaciná-las. No entanto, a escolha é dos pais, não há obrigação", disse o chefe de Estado sobre a vacinação para as crianças dos 5 aos 11 anos, que começou ontem no país.