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Início da vacinação em Espanha de crianças dispostas a proteger mais velhos

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A Espanha começou hoje a vacinar contra a covid-19 as crianças dos cinco aos 11 anos que estão convencidas da importância do fármaco para poderem brincar com os amigos e proteger os mais velhos na quadra natalícia.

"Não doeu nada e assim fico mais descansado", disse Manuel, de nove anos, à agência Lusa, acrescentando que agora pode brincar mais à vontade com os amigos e os seus familiares, e que principalmente os avós estão mais protegidos.

No Hospital Infantil Universitário Niño Jesús (Menino Jesus), em Madrid, a fila tinha cerca de 100 pais e crianças às 15:30 (menos uma hora em Lisboa), quando começou a vacinação da faixa etária dos cinco aos 11 anos.

Algumas crianças não escondiam o seu nervosismo, por causa da "agulha", mas todos mostravam-se determinados a ser vacinados e seguir o exemplo dos mais velhos.

"Nunca tive quaisquer dúvidas sobre a importância de me vacinar, nem tenho sobre a vacinação dos meus filhos", afirmou Elena, uma mãe rodeada por três filhos de diversas idades.

Em Espanha, cada uma das 17 comunidades autónomas e das duas cidades autónomas no norte de África (Ceuta e Melilla) é responsável pela condução das respetivas políticas sanitárias.

A maioria dessas comunidades decidiu vacinar as crianças nos centros de saúde e em pontos de vacinação dedicados, mas a Comunidade Valenciana, Estremadura, Castela-Mancha e La Rioja irão também vacinar as crianças nas escolas, enquanto a Comunidade de Madrid prefere fazê-lo nos hospitais da região.

"Nesta idade, as crianças fazem o que os pais lhes dizem e não prevejo que haja problemas", disse à Lusa Enrique Villalobos, responsável pela vacinação no Hospital Niño Jesús, que recordou que aquela unidade estava especializado no tratamento de menores.

Neste momento, em Espanha, as crianças com menos de 12 anos, cerca de 7% da população, são o grupo etário com maior incidência acumulada (contágios) de covid-19, mais de 640 casos notificados por cada 100.000 pessoas nos últimos 14 dias, numa média nacional de 412 casos.

As crianças começaram assim a receber a primeira dose da vacina infantil Comirnaty (da empresa farmacêutica Pfizer), sendo a segunda administrada oito semanas depois.

As crianças que já foram infetadas vão receber uma única dose, pelo menos quatro semanas após terem sido diagnosticadas com a doença ou desde o início dos sintomas.

Aquelas que apanharem a doença entre as duas doses vão mesmo assim receber a segunda dose, depois da sua recuperação e quatro semanas após a infeção.

Afonso, um outro pai, explicou que "está tudo muito bem organizado" e que foi fácil inscrever os filhos na aplicação criada para o efeito pelos serviços de saúde da Comunidade de Madrid.

"Senti a agulha, mas não custou nada. Estou aliviada", comentou ao lado a filha, Piedad.

As crianças são vacinadas com o consentimento ou autorização verbal de um dos pais, mas na Estremadura (espanhola) e Valência é solicitada a anuência de ambos os pais.

No caso de um dos progenitores se opor à vacinação, este deve comunicar a sua recusa ao sistema regional de saúde. Se o desacordo se mantiver, o caso será apresentado a um tribunal.

A ministra da Saúde espanhola, Carolina Darias, que se deslocou a Toledo (80 km a sudoeste de Madrid) hoje no início da vacinação contra a covida-19 das crianças dos cinco aos 11 anos, afirmou que a resposta das famílias para vacinar os seus filhos estava a ser "extraordinária" e manifestou a sua convicção de que assim iria continuar a ser.

A responsável governamental também agradeceu a cinco das crianças que se tinham ido vacinar e aos seus pais pelo seu "exercício de responsabilidade e civismo".

A ministra acrescentou que o início desta vacinação "representa um marco importante" e expressou a sua convicção de que será "um ponto de viragem para continuar a atacar e fazer a gestão da pandemia", especialmente no grupo de crianças com menos de 11 anos de idade, que atualmente têm a maior incidência de covid-19.

Em Portugal, a vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos vai arrancar no próximo fim-de-semana, 18 e 19 de dezembro, e decorrerá até 13 de março.

A covid-19 provocou pelo menos 5.320.431 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.698 pessoas e foram contabilizados 1.205.993 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 77 países de todos os continentes, incluindo Portugal.