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Putin e Lukashenko discutem crise migratória na fronteira com Polónia

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Os Presidentes russo e bielorrusso discutiram hoje, por telefone, a tensão na fronteira Bielorrússia/Polónia, onde centenas de migrantes se acumulam na esperança de entrar na União Europeia (UE), situação que Varsóvia acusa Minsk de ter provocado.

Os líderes russo e bielorrusso, Vladimir Putin e Alexander Lukashenko, respetivamente, "trocaram opiniões sobre a situação dos refugiados", avançou um comunicado do Kremlin (Presidência russa), hoje divulgado, poucas horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo ter afirmado que a culpa da crise migratória naquela fronteira é do Ocidente.

"Considero que a solução para este problema deve ser o pleno respeito dos princípios do direito humanitário, mas, é claro, não podemos esquecermo-nos de onde partiu a raiz do problema", disse Serguei Lavrov, em conferência de imprensa.

Na sua opinião, a origem do problema está na política que os países da NATO e da UE têm praticado em relação ao Médio Oriente e ao norte de África, tentando impor uma interpretação própria dos valores democráticos.

"Não podemos esquecer onde tudo começou e de quem é a culpa do que está a acontecer", afirmou o chefe da diplomacia russa, acusando o Ocidente de sabotar o regresso de refugiados sírios que estão em países como o Líbano, a Jordânia ou a Turquia.

Lavrov, que se encontrou hoje com o secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, Paul Richard Gallagher, exortou a UE a evitar a duplicidade de critérios relativamente aos refugiados, como acontece, na sua opinião, na Polónia e na Itália.

Os refugiados "não querem ficar na Bielorrússia, querem ir para a Europa, a mesma Europa que, durante anos, fez propaganda sobre o seu modo de vida. É preciso responder pelas suas palavras e pelas ações", defendeu.

Lavrov questionou ainda a razão para a UE ter concedido dinheiro à Turquia para lidar com o fluxo de refugiados da Síria e não fazer agora o mesmo com a Bielorrússia.

Uma coluna de vários milhares de migrantes, principalmente curdos da Síria e do Iraque, percorreu, na segunda-feira, uma estrada até um posto fronteiriço com a Polónia, na região de Grodno, tendo sido, segundo imagens divulgadas pela imprensa, aparentemente escoltada por membros das forças de segurança bielorrussas.

Depois de tentar, sem sucesso, cruzar a vedação de arame farpado erguida pela Polónia na zona de fronteira com a Bielorrússia, os migrantes montaram um acampamento para passar a noite na orla de uma floresta próxima.

Os refugiados, entre os quais se incluem muitas mulheres e crianças, estão agora em terra de ninguém, tendo o Governo polaco reforçado a segurança da fronteira por medo de uma escalada de violência e possíveis provocações do lado bielorrusso.

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou hoje a Bielorrússia de ser responsável por uma crise migratória na fronteira, que, segundo sublinhou numa mensagem publicada na rede social Twitter, ameaça a "estabilidade e a segurança de toda a UE".

A Bielorrússia não demorou a responder, avisando a Polónia contra qualquer "provocação" na fronteira entre os dois países.

Por seu lado, Bruxelas, que já na segunda-feira tinha reiterado o apelo a Lukashenko para cessar imediatamente o uso de migrantes como arma política, decidiu hoje suspender a aplicação do acordo de facilitação de vistos com a Bielorrússia a pessoas ligadas ao regime do Presidente, em resposta ao "ataque híbrido em curso" lançado por Minsk.