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A mobilidade nos Correios

Não dá para perder um bocadinho de tempo e alterar isto? Um processo qualquer informático?

Tinha já aqui preparado um longo “relambório” de queixumes sobre as novas medidas, perdão, recomendações a propósito do Covid mas achei que não iria trazer nada de novo à discussão.

Penso que já tudo terá sido dito sobre a desastrosa comunicação, as incongruentes decisões e a falta de noção da realidade para aqueles que, a montante e a jusante, tiveram de dar cumprimento a estas precipitações tão pouco fundamentadas pelo que não irei gastar os poucos caracteres que me concedem com isso.

Achei que era altura de voltar a zurzir num tema adormecido, que nem por isso está resolvido – longe disso, parece pior do que nunca – mas que, pela habituação, já parece ter sido aculturado. Como se não tivéssemos outro remédio ou não pudéssemos exigir mais.

Quem, seja porque razão for, faz um Funchal-Lisboa e respectivo regresso começa com suores frios no momento da reserva, antecipando aquela ida aos Correios que se lhe segue para obter o subsídio a que tem direito. Porque tem de estar muito atento, não vá falhar um passo que depois engate o processo.

Fui ver e a Lei é de 2015. Passaram seis anos, portanto. No artigo 7º do Decreto que dá corpo à iniciativa elencam-se os documentos necessários para comprovar a elegibilidade: - são nove, os papelinhos, coisa pouca certamente, até porque estes nove documentos se desmultiplicam por outros 9x9, conforme quem nos atende nos CTT.

O princípio parece-me bastante evidente: - somos todos uns aldrabões, preparados para montar uma série de esquemas que nos permitirão ir buscar dinheiro ao Estado de viagens que não efectuámos. A minoria que não aldraba que se amanhe e tenha paciência; não há outra possibilidade e, de caminho, desenganem-se que também não vão andar a fazer negócios com milhas à pala de terceiros.

Vou retirar desta equação a lógica do benefício encapotado ao maior dos cumpridores deste país, a nossa companhia de bandeira, que aliás tão pouco tem recebido dos contribuintes portugueses por outras vias; é conversa para outra ocasião.

Queria focar-me mesmo é no processo, ágil, fácil, intuitivo e que, por funcionar tão bem, nestes seis anos não foi alterado, apesar da Lei prever revisão anual. Eu, azar dos Távoras, é que em cada dez vezes que vou tratar de ir receber o subsídio, volto para trás em oito delas…

Já me aconteceu de tudo, até mesmo experimentar dois balcões diferentes com a mesma documentação, tendo evidentemente obtido sucesso no segundo. Da última vez, mais uma novidade: - tem de ser o próprio a ir levantar o dinheiro, como se os documentos (cartão de cidadão incluído) e o resto dos papéis não comprovassem que a viagem se efectuou. Santa paciência…

Não dá para perder um bocadinho de tempo e alterar isto? Um processo qualquer informático? Alguma coisa menos sujeita aos humores de quem nos atende e mais parecida com o que AT nos exige?

Vem aí, finalmente, a terceira companhia operar a linha e, não sei porquê, cheira-me que ainda vou ter de ir mais vezes aos Correios…