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Costa considera "obrigação" dar explicações ao parlamento sobre operação Miríade

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O primeiro-ministro, António Costa, manifestou hoje concordância com a audição do ministro da Defesa ao parlamento, sobre as suspeitas de tráfico envolvendo militares, considerando tratar-se de uma obrigação de qualquer governante.

"O Governo está sempre e em todas as circunstâncias disponível para dar os esclarecimentos que a Assembleia da República entenda pedir", afirmou o primeiro-ministro, aludindo aos requerimentos para que o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, seja ouvido no Parlamento.

Questionado sobre se concorda com a posição assumida pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu a necessidade de o ministro dar explicações sobre o caso de tráfico que envolve os militares, António Costa afirmou que "o Governo responde perante a Assembleia da República e, portanto, sempre que a Assembleia da República entende que quer e que precisa de informações o Governo tem a  "estrita obrigação"  de o fazer.

"Seja o primeiro-ministro ou de qualquer outro membro do Governo, não faz mais do que cumprir sua obrigação comparecendo à Assembleia da República para dar os esclarecimentos que devem ser feitos", concluiu, em Rio Maior, à margem das comemorações do centenário do nascimento do escritor português José Saramago que hoje completaria 99 anos, e cujas celebrações se prolongam até ao próximo ano com um programa cultural internacional em torno do Nobel da Literatura.

O PS anunciou na segunda-feira que vai viabilizar os dois requerimentos apresentados pelo PSD e BE para uma audição urgente do ministro da Defesa Nacional sobre as suspeitas de tráfico de diamantes, droga e ouro envolvendo militares portugueses.

A Polícia Judiciária (PJ) confirmou em 08 de novembro a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções, incluindo de militares e ex-militares, no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas".

Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares e portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios" no tráfego de diamantes, adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.