Democracia e partidos

Há quem critique a democracia e o sistema partidário por achar que 47 anos após o 25 de Abril os portugueses estão piores do que nunca. Através do nosso regime democrático assente nos partidos e em eleições democráticas e livres elegemos deputados e tivemos governos que criaram condições para desenvolver a economia, propiciar proteção social, educação, saúde e justiça para todos, em contraste com a ditadura do Estado Novo (EN) com uma economia obsoleta assente em monopólios, os portugueses vivendo sob o signo da miséria e sem proteção social, com o acesso à saúde, justiça e educação só para quem podia pagar, sem liberdade e sob a repressão da censura e da PIDE que perseguia, prendia e torturava quem discordasse politicamente do regime. Só por ignorância ou saudosismo da ditadura do EN é que se poderá pôr em causa os méritos do atual regime democrático. Poderíamos estar melhor e mais próximos do pelotão da frente da UE? Também penso que sim se a governação do PS durante os últimos 20 anos não tivesse conduzido o País à bancarrota e à austeridade, persistido em alianças com os partidos da extrema esquerda com base em promessas eleitoralistas quase todas por cumprir, enganando os portugueses com o único objetivo de manter o PS a governar. PS que recusou todo e qualquer entendimento com o maior partido da oposição para definir uma estratégia de desenvolvimento para Portugal visando o longo prazo, que fosse posta em prática independentemente de quem governasse. A democracia partidária ainda que imperfeita porque sujeita às vicissitudes das imperfeições humanas, é o único sistema político que nos permite organizar socialmente num ideal de liberdade e respeito pelos direitos individuais dos cidadãos. É possível e desejável aperfeiçoar os mecanismos que regem o nosso regime democrático tornando-o mais transparente e participativo. Pode-se e deve-se criticar os políticos e os partidos, mas tendo sempre presente que sem eles não há democracia.

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