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Falhas eléctricas, de telefonia e da Net afectam metade da Venezuela

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Uma falha numa subestação elétrica provocou segunda-feira apagões, subidas e descidas de voltagem, assim como quedas nos serviços de telefonia e de Internet em pelo menos 12 das 24 regiões da Venezuela, denunciaram utilizadores no Twitter.

As falhas afetaram o Distrito Capital e os estados venezuelanos de Anzoátegui, Arágua, Barinas, Bolívar, Carabobo, Falcón, Lara, Miranda, Monágas, Nueva Esparta, Táchira e Zúlia.

Nalgumas regiões os utilizadores tiveram que apagar rapidamente os seus aparelhos elétricos por temer que avariassem.

"Tenho um regulador-protetor de eletricidade que tem um 'visor' onde posso ver a energia que está entrando e chegou a registar 165 volts, quando estando estável oscila entre 115 e 120v", explicou um comerciante à Agência Lusa.

Manuel Andrade, explicou ainda que "foi uma das subidas de energia mais altas de sempre, de tal maneira que o aparelho (regulador-protetor) começou a fazer um ruído parecido ao de um curto-circuito, mas mesmo assim não suspendia a passagem de energia, pelo que tive que desligar tudo manualmente".

Vários utilizadores dão conta, através do Twitter, que nalgumas regiões do país a voltagem elétrica caiu para valores que impedia o funcionamento dos equipamentos.

Também que as operadoras de telefonia móvel celular, Digitel e Movistar, ficaram temporária sem dar sinal de rede e que nalgumas regiões o serviço ABA de Internet da estatal Cantv ficou intermitente e que pequenas operadoras ficaram temporariamente sem oferecer ligação à Net.

Entretanto a companhia estatal Corporação Elétrica Nacional da Venezuela (Corpoelec) anunciou que trabalha para estabilizar e restituir o serviço elétrico.

"Devido a um evento na subestação Palital, no estado de Anzoátegui (leste de Caracas), o sistema interligado apresentou uma flutuação em algumas partes do país. A força de trabalho da Corpoelec está a realizar manobras para estabilizar e restaurar o serviço elétrico. Continuaremos a informar sobre o progresso dos trabalhos de recuperação" anunciou a Corpoelec na sua conta do Twitter.

Em 07 de março de 2019, ocorreu o maior apagão da história da Venezuela: uma falha na Central Hidroelétrica Simón Bolívar deixou o país totalmente às escuras durante cinco dias.

Um ano depois, em 25 de março de 2020, voltou a registar-se outro grande apagão que afetou pelo menos 16 Estados e parte do Distrito Capital.

A 06 de maio de 2020, 19 dos 24 Estados da Venezuela ficaram total ou parcialmente às escuras devido a um apagão que afetou também a Internet e as comunicações telefónicas.

E treze dias depois um apagão voltou a deixar a cidade de Caracas e mais de metade do país às escuras.

Em 11 de janeiro de 2021 a organização não-governamental Comité de Afetados pelos Apagões (CAPA), anunciou que tinha registado 157.719 apagões e falhas elétricas na Venezuela, entre janeiro e dezembro de 2020 (quase o dobro dos 80.700 registados durante 2019", prevendo "muitas dificuldades" no abastecimento de eletricidade ao longo deste ano.

A 4 de agosto de 2021 o CAPA recomendou aos venezuelanos que mantenham precauções porque vão continuar as falhas elétricas na Venezuela, porque o sistema está "muito débil" e há regiões que passam entre 6 e 16 horas diárias sem eletricidade.

"O sistema está débil, frágil, e as falhas vão continuar a acontecer. Não é como dizem que Caracas (a cidade capital do país) está 'blindada'. Em qualquer momento, em qualquer estado podem registar-se descidas [de voltagem] ou apagões", disse a presidente do CAPA, Aixa López, aos jornalistas.