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Ventura promete luta "olho por olho, dente por dente" contra ataques e perseguições

Foto ANTÓNIO PEDRO SANTOS
Foto ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O presidente do Chega, André Ventura, prometeu ontem uma luta "olho por olho e dente por dente" contra aqueles que o atacarem, o perseguirem ou humilharem, sublinhando que "o tempo de brincarem" com o partido acabou.

"Durante dois anos fui espezinhado, humilhado e atacado sem precedentes naquela Assembleia da República e a tudo respondemos. (...) Quem nos atacar, quem nos perseguir, quem continuar, persistentemente, a humilhar-nos, vai ter da nossa parte a mesma resposta. Retornaremos a tarefa bíblica; olho por olho e dente por dente. É isso que faremos em Portugal", disse André Ventura no discurso de encerramento da 1ª Convenção de Autarcas do partido, que decorreu em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro.

Ventura disse que o Chega e os autarcas eleitos pelo partido nas eleições de domingo "têm um objetivo comum" que é o "trabalho de denunciar, de expor e de, até, investigar" os outros partidos.

"Já ninguém fica sem resposta quando nos ataca. E isto não é uma ameaça, nem às instituições nem aos outros. É saberem que não podem brincar connosco. E com 400 autarcas, temos uma malha de tal forma estendida no país, que podemos investigar, denunciar, expor. Quero ver tantas redes sociais expor tudo o que o Bloco de Esquerda, o PCP, o PSD e o PS andaram a fazer", pediu o líder do Chega.

André Ventura assegurou aos presentes um "partido de resposta, de luta e de confronto".

"O tempo de brincarem connosco acabou. A partir de agora, como quarto partido autárquico, temos o direito e o dever de responder. O direito e o dever de sermos respeitados. O direito e o dever de respondermos na mesma moeda. E não é o nosso ego e o nosso caráter que o impõe. É a força, o orgulho e a dignidade dos que votaram em nós", justificou.

O líder do Chega classificou de "feito histórico" os resultados alcançados pelo partido nas últimas autárquicas, acrescentando que "os 400 autarcas eleitos no país são, a partir de agora, o primeiro grande braço de intervenção" do partido.

"O Chega não é um partido de um homem só. Quem elege 400 autarcas não pode ser um partido de um homem só. Vamos mudar a história deste país. O Chega não é urbano nem é rural, é um enorme partido nacional. E é um enorme orgulho podermos dizer isso hoje", frisou Ventura.

Quanto a acordos ao nível do poder autárquico, o líder do Chega assumiu que o partido "não pode nem deve" fazer acordos, nem com o PS nem com a CDU, e com o PSD só se os sociais-democratas "aceitarem, por escrito, as condições" impostas pelo partido, e só "para viabilização de executivo".

"PS e CDU, completamente fora de equação; PSD em condições muito estritas e muito limitadas; Independentes, com abertura, sabendo quem são e em que condições estão a realizar esse trabalho", explicou André Ventura.

O presidente do Chega prometeu ainda a criação de um "grande manual autárquico" para todos os eleitos, assim como uma "linha direta de apoio" entre a direção do partido e todos os autarcas eleitos.

Já no final do discurso, André Ventura anunciou que terá oposição nas eleições internas do partido, sem, no entanto, referir candidatos.

"Não poderia nesta fase abandonar os destinos deste partido. Seria um enorme ato de cobardia que a história registaria, deixar-vos a meio da ponte. Pela primeira vez terei oposição na candidatura à presidência do partido. Essa oposição será sempre bem vinda. Mas nós estamos numa fase em que não podemos mudar de rumo, que é a preparação para as eleições legislativas", sustentou Ventura, que deixou um aviso aos eventuais candidatos à liderança do Chega.

"Aceitaremos todas as candidaturas que vierem, mas, quem vem, tem de assumir a sua responsabilidade e saber que no dia a seguir o rumo é este e o seu lugar é fora daqui", disse o presidente do Chega, ovacionado de pé pelos autarcas presentes eleitos pelo partido.