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Morte do general Baduel provoca indignação junto da oposição venezuelana

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Foto AFP

A oposição venezuelana lamentou a morte do general Raúl Isaias Baduel, considerado "preso político" desde 2009 que, segundo a Procuradoria de Caracas foi vítima de uma paragem respiratória como consequência de infeção de covid-19.

O ex-ministro da Defesa Raul Isaías Baduel morreu na terça-feira, na prisão, vítima de uma paragem respiratória associada à covid-19, anunciou o Procurador-geral da Venezuela

O ex-deputado Juan Guaidó já endereçou as condolências aos familiares de Baduel tendo na mesma mensagem responsabilizado o Estado venezuelano pela morte do militar. 

"O general Raúl Baduel foi assassinado pela ditadura. A ditadura que o sequestrou, torturou e lhe negou cuidados médicos. Após 12 anos de um sofrimento brutal, Baduel é o décimo preso político que morre às mãos do regime", disse Guaidó na mensagem difundida pela rede social Twitter. 

Gaidó mantém que "atrocidades como esta" demonstram que na Venezuela "os direitos humanos são violados de forma sistemática".

"Estes crimes não podem ficam impunes e o silêncio mostra a cumplicidade das nossas Forças Armadas", acrescentou.

Da mesma forma, o ex-deputado Miguel Pizarro disse que a morte de um preso "à custódia do Estado" representa "negligência, responsabilidade e o pouco cuidado que existe no sistema penal".

"O general Raúl Baduel foi sequestrado pelo regime, os familiares foram vítimas de ameaças e de represálias por denunciarem as torturas que sofria na prisão. Há poucas semanas denunciaram o desaparecimento do general. Estas mortes não podem ficar impunes", disse ainda Pizarro. 

Anteriormente, o procurador-geral da Venezuela, Tarek Williams Saab, informava que Baduel, 66 anos, tinha morrido de uma paragem respiratória na sequência de uma infeção de SARS CoV-2.

"Lamentamos a morte de Raúl Isaías Baduel, devido a uma paragem respiratória provocada pelo covid-19 e na altura em que lhe eram prestados cuidados médicos, tendo recibo a primeira dose da vacina", disse o procurador através do Twitter.

No passado dia 29 de setembro, Andreina Baduel, filha do general, denunciou a transferência do pai para os calabouços de Sebin, conhecidos como "tumba", local onde funciona um departamento dos serviços de informações de Caracas. 

Baduel, ex-aliado de Hugo Chávez e apontado como o estratega do golpe de Estado de 2002 na Venezuela, foi ministro da Defesa entre 2006 e 2007.

Posteriormente, o oficial opôs-se à deriva totalitária de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro.

Em 2009 foi preso e proibido de exercer cargos públicos.

A Baudel foi-lhe concedida a liberdade condicional em 2015 mas voltou a ser preso em 2017, ano em que chegava ao termo a pena de prisão a que tinha sido condenado.  

A prisão de Baudel consta dos relatórios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Entretanto, a organização não-governamental venezuelana Foro Penal frisou que a morte de Baduel eleva para 10 o número de presos políticos mortos nas prisões do regime de Caracas.

A Amnistia Internacional, que acompanhou e denunciou o caso Baduel durante vários anos, exigiu esclarecimentos sobre a morte do militar. 

"O general Baduel esteve durante anos detidos sob condições desumanas. Exigimos justiça e o esclarecimento sobre a morte", refere a Amnistia Internacional.

Apesar de o Governo ter concedido vários indultos a alguns opositores que se encontravam presos, o general Baduel nunca fez parte das listas dos amnistiados.