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União Europeia vai rever relações com Minsk e admite sanções

A União Europeia denunciou hoje uma eleição presidencial "nem livre nem justa" na Bielorrússia e ameaçou adoptar sanções

Foto EPA
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"As eleições não foram nem livres nem justas. (...) Procederemos a uma revisão aprofundada das relações da UE com a Bielorrússia. Poderá implicar, entre outras, a adopção de medidas contra os responsáveis das violências registadas, das detenções injustificadas e da falsificação dos resultados das eleições", anunciaram em comunicado os 27 países.

A União Europeia (UE) denunciou hoje uma eleição presidencial "nem livre nem justa" na Bielorrússia e ameaçou adotar sanções contra os responsáveis das violências, numa declaração aprovada pelos 27 Estados-membros.

"As eleições não foram nem livres nem justas. (...) Procederemos a uma revisão aprofundada das relações da UE com a Bielorrússia. Poderá implicar, entre outras, a adoção de medidas contra os responsáveis das violências registadas, das detenções injustificadas e da falsificação dos resultados das eleições", anunciaram em comunicado os 27 países.

A declaração europeia, emitida pelo gabinete de Josep Borrel, Alto Representante da UE para as Relações Externas, lamenta que após o povo bielorrusso "ter demonstrado o seu desejo pela mudança democrática", as eleições não tenham decorrido de forma transparente e que as autoridades estatais tenham exibido "uma violência desproporcionada e inaceitável".

"Para mais, informações credíveis de observadores internos demonstram que o processo eleitoral não cumpriu os parâmetros internacionais aguardados num país que participa na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa [OSCE]", acrescenta.

A UE sublinha que a sua relação com a Bielorrússia tinha melhorado desde a libertação dos presos políticos em 2015, mas alertou que estes vínculos "apenas podem piorar" caso não existam progressos em temas como os direitos humanos ou o Estado de direito.

Na noite de domingo e na segunda-feira, manifestantes da oposição que contestavam os resultados eleitorais e forças policiais envolveram-se em confrontos em Minsk, com um balanço de pelo menos um morto e perto de três mil detenções. Os protestos alastraram a outras cidades do país.

A Comissão Eleitoral Central bielorrussa informou na segunda-feira que o Presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, obteve 80,23% dos votos, que lhe permite cumprir um sexto mandato presidencial consecutivo, um resultado rejeitado pela oposição.

Em Londres, o executivo britânico apelou na ocasião ao Governo da Bielorrússia para "se abster de novos atos de violência" na sequência de eleições presidenciais "gravemente manchadas de irregularidades", de acordo com uma mensagem no Twitter do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que também considerou "totalmente inaceitável as violências e tentativas das autoridades de reprimir as manifestações".

Num tom similar, Paris também apelou às autoridades de Minsk para demonstrarem "a maior contenção" após a reeleição de Lukashenko e os protestos da oposição.

"Observamos com inquietação a violência dirigida aos cidadãos bielorrussos que saíram para se manifestar após o encerramento das assembleias de voto e apelamos para máxima contenção", declarou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A candidata da oposição unificada, Svetlana Tikhanovskaia -- contemplada com 9,9% dos votos e que hoje optou por se refugiar na vizinha Lituânia --, denunciou um escrutínio falsificado.

"As autoridades devem refletir na forma como nos devem ceder o poder. Considero-me vencedora", sugeriu a candidata de 37 anos, que protagonizou a sua primeira experiência política.

Desde a chegada de Alexander Lukashenko ao poder, em 1994, nenhuma corrente da oposição conseguiu afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos seus dirigentes foram detidos, à semelhança do que sucedeu neste escrutínio, e em 2019 nenhum opositor foi eleito para o parlamento.

Os resultados das últimas quatro eleições presidenciais não foram reconhecidos como justos pelos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que denunciaram fraudes e pressões sobre a oposição.

Pela primeira vez desde 2001, e por não ter recebido um convite oficial a tempo, a OSCE não esteve presente na votação para acompanhar os resultados.

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