Madeira

Exposição sobre o 20 de Fevereiro recorda tragédia difícil de esquecer

Oito fotojornalistas mostram fotografias da tragédia que aconteceu na Madeira a 20 de Fevereiro de 2010.

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As memórias do fatídico dia 20 de Fevereiro de 2010 ainda estão bem presentes nos que viveram de perto esta tragédia que assolou a ilha da Madeira. Para recordar o que foi vivido há 10 anos e homenagear quem esteve a captar imagens, a Câmara Municipal do Funchal convidou oito fotojornalistas a partilhar com a população aquilo que foi o 20 de Fevereiro, captado pelas objectivas, recordando um momento0 marcante em termos de destruição.

O convite foi aceite por Hélder Santos, Duarte Gomes, Élvio Fernandes, Gregório Cunha, Joana Sousa, João Homem de Gouveia, Mário Pereira e Rui Silva, fotojornalistas que integram uma exposição fotográfica no terraço do Mercado dos Lavradores.

Cada um, à sua maneira vive e interpreta este dia fatídico de uma forma particular.

Hélder Santos, responsável pela Agência de fotografia ASPRESS, afirma que são imagens difíceis de esquecer dada a dimensão da tragédia e à azáfama que se gerou, assim como a forma como o trabalho foi feito, sem acessos e para chegar aos locais. Recorda um trabalho “árduo” só possível com a equipa de trabalho que se dispersou para mostrar o que se passava nos diferentes locais.

Joana Sousa, que na altura integrava a ASPRESS, recorda que saiu de casa, naquela manhã, para cobrir um jogo de infantis em Câmara de Lobos, sem se aperceber de nada. Só quando chegou ao Funchal percebeu a gravidade da situação. Foi depois enviada para a Ribeira Brava, onde encontrou outro cenário difícil.

Gregório Cunha recorda a dificuldade em chegar aos sítios e depois a dificuldade em enviar o trabalho para as redacções, para não falar do sofrimento das pessoas com quem se cruzava.

Mário Pereira que também integrou a exposição, não era fotógrafo na altura, mas sentiu curiosidade em perceber o que se estava a passar no Funchal. No meio do cenário destruidor, em frente ao Mercado dos Lavradores, apercebeu-se de alguém em dificuldades e acabou por ajudar, tendo sido fotografado. A imagem correu mundo, mas considera que o mais importante foi ter contribuído para salvar uma vida.

João Homem de Gouveia, da Agência Lusa, relembra que o Funchal ficou irreconhecível e tudo fez para captar ao máximo o que ia acontecendo. Hoje, 10 anos depois, olha para estas imagens e lembra-se de cada momento vivido na altura, com uma profunda “tristeza” pelo sofrimento causado.

Duarte Gomes afirma que as memórias do 20 de Fevereiro são poucas, uma vez que o grande objectivo era “tirar o máximo de fotografias” onde “a água e a lama deixasse”. Só no dia seguinte, perante a dimensão da destruição, confessa que “essas marcas e imagens ficaram até hoje”.

Rui Silva diz que é difícil esquecer o dia que mudou a vida de muitos madeirenses. Recorda o drama das pessoas e a impossibilidade de acudir às situações. Confessa que ainda se arrepia quando olha para estas imagens e relembra que trabalhou “cinco dias seguidos sem descanso” para registar a dimensão da tragédia.

Miguel Silva Gouveia, presidente da Câmara Municipal do Funchal, fala em profissionais que foram buscar à memória aquelas que são as suas histórias pessoais do 20 de Fevereiro, expondo-as agora ao público. Fala de uma exposição que “toca-nos a todos” do ponto de vista emocional, por estar “carregada de tragédia”.

No seu entender, este trabalho agora exposto “permite-nos olhar para estes 10 anos de uma forma positiva, na medida em que temos a capacidade de nos reerguer, sem perder a consciência de que é preciso, a todo o instante, manter presente a cultura de segurança que começa em cada um de nós”.