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Alemanha, Croácia e Eslováquia retiram militares do Iraque

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Alemanha, Croácia e Eslováquia anunciaram hoje que vão retirar os seus militares do Iraque depois de o parlamento iraquiano ter decidido expulsar todos os soldados estrangeiros na sequência do ataque ao comandante da força de elite iraniana Al-Quds.

Segundo avançou hoje a ministra da Defesa da Alemanha, 35 militares daquele país vão ser hoje retirados do Iraque e transportados para a Jordânia e o Kuwait.

Annegret Kramp-Karrenbauer e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, explicaram aos deputados alemães que o número de militares que estão nas bases iraquianas de Bagdad e Taji será “temporariamente reduzido”, sublinhando, no entanto, que as negociações com o Governo iraquiano para manter a formação das tropas do Iraque vão continuar.

A Alemanha possui um contingente de cerca de 120 soldados no Iraque, embora a maioria não esteja estacionada em Taji e Bagdad, mas noutras partes do país.

“Estas forças podem voltar a qualquer momento, se a formação no Iraque for para continuar”, disse o ministério alemão em comunicado.

“Os nossos soldados estão na região e a missão mantém-se por enquanto, apesar de estar suspensa esta semana e a aguardar mais consultas”, adiantou o deputado que trabalha nos assuntos externos do parlamento, Roderich Kiesewetter, do partido da chanceler Angela Merkel.

“Este é um bom momento para o Governo iraquiano avaliar a situação” depois de o parlamento ter pedido a retirada das tropas estrangeiras.

“A coligação internacional que luta contra o [grupo extremista autoproclamado] Estado Islâmico tem de discutir como irá proceder”, acrescentou.

Também a Croácia anunciou hoje que retirou os 14 militares que tinha no Iraque, transportando-os para o Kuwait, e garantiu que quaisquer decisões futuras neste campo serão tomadas no âmbito de consultas com os aliados da NATO.

A Eslováquia também avançou com a retirada dos seus sete militares no Iraque, levando-os para um local não especificado, enquanto a Eslovénia decidiu manter no Iraque os seis soldados que tem na base de Erbil, no norte do país.

O Ministério da Defesa da Eslovénia assegurou, no entanto, que está em constante monitorização da situação e garantiu que tomará novas decisões com base em desenvolvimentos futuros.

O parlamento iraquiano votou este fim de semana uma resolução que pede a saída de soldados estrangeiros do Iraque, após o ataque dos Estados Unidos no aeroporto de Bagdad, na sexta-feira, para matar o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds.

O parlamento iraquiano aprovou uma moção que solicita ao Governo de Bagdad que “acabe com a presença de qualquer força estrangeira no país” e insta-o a anular “o pedido de ajuda feito à coligação internacional” para combater o Estado Islâmico.

Bagdad procura, assim, acabar com aquilo que considera ser uma “violação da soberania iraquiana”.

O Governo dos Países Baixos já tinha anunciado na segunda-feira a suspensão temporária da sua missão de treino de soldados iraquianos, tendo o Ministério da Defesa explicado, em comunicado, que, por enquanto, meia centena de soldados vão ficar em Erbil, no norte do Iraque, mas que as atividades de formação para combatentes curdos-iraquianos estão suspensas.

Também o ministro da Defesa português confirmou que as ações de formação e treino ministradas pelos portugueses na base militar de Besmayah estão suspensas.

Ainda assim, os 35 militares portugueses em missão no Iraque estão “tranquilos e salvaguardados”, pelo que o Governo considera ser prematuro falar em retirada.

Apesar da ordem de expulsão dos contingentes militares estrangeiros, o Iraque assegurou na segunda-feira que quer continuar a receber treino militar e apoio logístico dos Estados Unidos.

“Treinar, armar e apoiar logisticamente” as tropas iraquianas são atividades que não cessaram, disse o porta-voz do comandante das Forças Armadas e primeiro-ministro, Adel Abdelmahdi.

Segundo explicou o porta-voz das Forças Armadas iraquianas, apesar da resolução do parlamento, o “Governo quer que esse apoio continue” e que os Estados Unidos mantenham o fornecimento de armas ao exército iraquiano.

Esta posição iraquiana foi comunicada um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos ter ameaçado o Iraque com sanções “muito fortes” caso as tropas norte-americanas fossem obrigadas a sair do país na sequência do voto no parlamento iraquiano.