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Conselheiro do primeiro-ministro britânico desvaloriza tensão com linguagem de Boris Johnson

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Um conselheiro sénior do primeiro-ministro britânico desvalorizou hoje as preocupações com a forma agressiva como decorreu o debate parlamentar de quinta-feira, defendendo que a única forma de acalmar a situação é respeitar o referendo sobre o ‘Brexit’.

O presidente da Câmara dos Comuns apelou na quinta-feira aos deputados britânicos para refrearem o tom inflamado das suas declarações, alertando para o ambiente “tóxico” do debate que se seguiu à intervenção do primeiro-ministro, Boris Johnson, na quarta-feira.

O primeiro-ministro foi acusado de criar divisões na Câmara dos Comuns com a linguagem usada para defender a saída do Reino Unido da União Europeia.

O conselheiro do primeiro-ministro considerou hoje que a tensão é normal, já que “não é surpreendente que haja quem esteja zangado com o falhanço do país [no objetivo de] sair da União Europeia”.

“A única forma de acalmar as tensões é [fazer com que] os deputados respeitem os resultados do referendo de 2016”, afirmou Dominic Cummings.

O atual caos é só “um passeio no parque” comparado com a campanha do referendo de 2016, no qual o país votou pela saída da UE, considerou o responsável.

Três anos depois, o Reino Unido e os seus decisores continuam divididos sobre a forma como o país deve abandonar o bloco dos 28 países.

“Estamos contentes, vamos sair e vamos vencer”, garantiu Dominic Cummings.

No debate parlamentar de quarta-feira -- o primeiro depois de o Supremo Tribunal declarar a suspensão do parlamento “ilegal” e mandar reabrir as sessões -, Boris Johnson referiu que adiar a saída do país constituiria “uma traição” ao povo e afastou as preocupações com a sua linguagem.

A forma como o primeiro-ministro falou levou o presidente da Câmara dos Comuns a fazer um apelo aos deputados britânicos para refrearem o tom inflamado das suas declarações, alertando para o ambiente “tóxico” do debate.

Em vez de admitir o erro e pedir desculpa, como sugeriram vários deputados, Boris Johnson considerou a intervenção do tribunal “errada” e acusou a oposição de “cobardia política”, de “traição” e de “rendição” por querer adiar o ‘Brexit’.

Respondeu ainda com o termo “tretas” [humbug] quando a deputada trabalhista Paula Sheriff lhe pediu para moderar o tom e não usar linguagem “ofensiva, perigosa e inflamatória”.

Também os bispos da Igreja de Inglaterra pediram hoje calma e respeito nas discussões.

“Deveríamos falar com respeito uns com os outros”, disseram os bispos em comunicado hoje divulgado.

“E também devemos ouvir. (...) Não devemos denegrir, patrocinar ou ignorar as posições dos concidadãos, mas procurar respeitar as suas opiniões, a sua participação na sociedade e os seus votos”, acrescentaram.

Boris Johnson assumiu o poder há dois meses com a promessa de o Reino Unido deixar a União Europeia até 31 de outubro “com ou sem acordo” económico.

No entanto, os seus opositores estão determinados a não deixar que o ‘Brexit’ se faça sem acordo, sublinhando as previsões dos economistas que consideram que isso mergulharia o Reino Unido numa recessão grave.