ONU apela ao Irão para libertar 3 mulheres que se manifestaram contra o véu
Especialistas da ONU em direitos humanos apelaram hoje ao Irão para libertar três mulheres que se manifestaram contra o uso obrigatório do véu islâmico, indicando que as detenções de militantes “se terão multiplicado nas últimas semanas”.
Num comunicado, cinco relatores especiais das Nações Unidas e o presidente do Grupo de Trabalho sobre a Questão da Discriminação contra as Mulheres da organização condenaram as “longas penas de prisão” infligidas a três iranianas “detidas arbitrariamente por terem protestado publicamente contra o uso obrigatório do véu”.
Segundo os especialistas, Mojgan Keshavarz foi condenada a 23 anos e seis meses de prisão e Yasaman Aryani e Monireh Arabshahi a 16 anos cada.
As três foram condenadas por “reunião e conluio em actos contra a segurança nacional, propaganda contra o Estado” e “encorajamento e apoio à corrupção (moral) e à prostituição”, de acordo com os peritos da ONU. Keshavarz foi ainda condenada por “insulto ao sagrado”.
As acusações foram feitas depois de um vídeo divulgado ‘online’ mostrar as três mulheres, sem véu, a distribuírem flores no metropolitano de Teerão a 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
“Apelamos às autoridades iranianas para anularem estas condenações”, refere o comunicado.
As três mulheres foram detidas em abril, depois estiveram desaparecidas entre nove a 14 dias. Não tiveram acesso a um advogado durante a fase inicial do inquérito e “os seus representantes legais também não teriam direito a representá-las no julgamento”, lamentaram os especialistas das Nações Unidas.
Segundo informações de que os peritos dispõem, desde janeiro de 2018 que pelo menos 32 pessoas foram detidas e pelo menos 10 outras foram presas por terem protestado contra o uso obrigatório do véu.
“As detenções de militantes dos direitos das mulheres ter-se-ão multiplicado nas últimas semanas”, assinalaram ainda.