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As eleições, Marcelo e Tavares

O que falta ao centro direita e à direita em Portugal (...) é a capacidade de demonstrarem (...) qual é o seu objetivo comum

Após as eleições europeias, Rebelo de Sousa falou de uma crise da direita e do centro-direita em Portugal.

Não, constatou-se, pela análise do número de votos que aquela obteve comparativamente a 2014, já que e aglutinando os 4 partidos que ora a compõem, i.e., PSD, CDS, Aliança e Iniciativa Liberal, o dito espetro político “convenceu” mais 110.271 votantes do que há cinco anos (mais 19.398 no PSD e CDS e 90.873 na Aliança e na I.L.).

Nem pelo que se verificou, também, com os partidos da geringonça, já que estes perderam, em conjunto, 29.215 votantes (menos 16.830 o PS e 12.385 entre os que o PCP perdeu e o BE ganhou).

O que levou então, se não foram os números, Marcelo a proferir tal afirmação ?

É aqui que entra João Miguel Tavares e o seu discurso de 10 de Junho, em especial a afirmação de que “Aquilo que se pede aos políticos [...é] Que ofereçam um objetivo claro à comunidade que lideram”.

Concretize-se ! O que falta ao centro direita e à direita em Portugal, em particular depois de o PS se ter deslocado, com António Costa, do centro esquerda para a esquerda, é a capacidade de demonstrarem, conjuntamente, aos seus eleitores e aos cidadãos em geral, qual é o seu objetivo comum. Nomeadamente o que os diferencia dos partidos da geringonça.

E a todos os níveis. De regime. Democrático, naturalmente, mas suportado, definitivamente, nos princípios da Subsidiariedade e da Descentralização, matéria de que nem jacobinos nem estalinistas querem ouvir falar. No plano Político, assumindo que a representação para os Parlamentos, da República e Autónomos, não pode ser exclusiva dos partidos e que se devem aprovar leis eleitorais que permitam saber quem é, em concreto, o deputado que nos representa. De modelo de Desenvolvimento Económico. Que aposte na iniciativa privada como seu motor e que olhe o Estado como um catalisador, incentivador e fiscalizador ... e não como fautor. Em termos Fiscais e de Segurança Social, criando uma matriz que reduza os impostos dos particulares e das empresas e que, com um modelo de transição, encete o caminho para o Plafonamento e/ou a Conta Corrente Individual em matéria de SS. No plano Educativo e Cultural, assumindo que é na autonomia das Pessoas e das Instituições que a inovação e a criatividade se desenvolvem e que “o mundo pula e avança”. Last but not least, na Saúde. Defendendo que só há um sistema. Que contempla a responsabilidade pessoal, o público, o privado, o associativo, o assistencial, e que toda a lógica deve ser de contratualização, na qual cabem, evidentemente, as PPP’s.

Ou seja, o que se pede é que todos encontrem o máximo denominador comum em todos aqueles âmbitos, assim demonstrando, à comunidade dos que creem no primado da Pessoa Humana e no binómio liberdade pessoal com responsabilidade social, o que Tavares referiu ser o “caminho inteligível e justo” que os Portugueses esperam.