Desalojamento local
Um estudo recente da Moodys’ indica que Lisboa lidera o topo da lista de cidades da Europa com maior número de casas transformadas em alojamentos turísticos. Este facto coloca a capital portuguesa à frente de Paris, Roma ou Amesterdão, sendo hoje a capital europeia com mais alojamento local por habitante.
Nenhum destes dados surpreendem quem visita a capital portuguesa (o que também acontece no Porto) e se depara com uma cidade sobrecarregada de turistas, com duas consequências gritantes: o preço médio dos bens de consumo na capital disparou – impactando quem vive em Lisboa - e, talvez pior, Lisboa lidera também a tabela das cidades europeias com maior perda de população. Desde 2011 a capital já perdeu cerca de 7% de habitantes.
Aqui chegados, é fácil percepcionar que a alma e a diferenciação de uma cidade se fazem pelas pessoas que nela habitam. Lisboa, ano após ano, massifica-se e descaracteriza-se.
Se a tudo isto somarmos o facto de alguns alojamentos locais terem sido erguidos por privados que tiveram de recorrer a capital alheio (à Banca por exemplo), temos uma bolha que mais cedo ou mais tarde vai rebentar.
O Turismo, sabemo-lo bem, é uma fonte de riqueza e de injeção de capital direto nas economias, mas é também uma fonte de riqueza altamente volátil quando os destinos não têm uma oferta estruturada e consistente. Quando uma cidade passa de moda, o número de visitantes pode cair vertiginosamente.
A patrocinar todo este crescimento está também o mercado imobiliário, mantendo os preços das casas em alta. Mesmo na Madeira, quem hoje procura um apartamento para aluguer de longa duração depara-se com falta de oferta e preços inflacionados.
A pergunta que se coloca “até quando?” será respondida nos próximos anos. No entanto, a resposta está também nas mãos das autoridades camarárias e governamentais, porque o mercado a funcionar sem limites não decide tudo sozinho e de forma equilibrada.