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As amantes caras e os urinóis da Assembleia

Estava a ver que não conseguia escrever sobre as amantes antes de Setembro, quando elas começarem a aparecer todas para arranjar tacho.

Não vou falar em nomes, mas conheço quem já esteja a comprar o fato para a grande noite, a noite de 22 de Setembro, quando essas acompanhantes de luxo se aperaltarem para ir passear com o senhor que lhe oferecer mais benesses e presentes caros.

Não sou contra relações extraconjugais desde que as regras sejam claras, desde que cada um saiba ao que vai e desde que se assine uma espécie de contrato pré-nupcial, que mesmo assim será perigoso para quatro anos de caprichos e chantagens emocionais. E, como acompanhantes de luxo, fazem-se pagar bem e vestem a marca que querem.

E se alguém pensa que já se passou o tempo das amantes mandarem no burgo, desenganem-se, porque o que vem aí pode ser pior. Temo que de uma maioria estável de quase 40 anos e depois de uma maioria que não permite que dois deputados do PSD vão ao urinol ao mesmo tempo sob pena de serem ultrapassados por quem tem a bexiga mais contida, se passe rapidamente para uma minoria que pode obrigar a usar algália dentro do hemiciclo.

Qualquer ida à casa de banho ou para fumar um cigarrinho pode significar o chumbo de um diploma e qualquer perfume caro vai servir para pagar votos favoráveis às amantes. Não temos dinheiro para isso. A Catarina e o Jerónimo fizeram o que quiseram durante os últimos anos e, quando viram que podiam perder os presentes caros dados pelo Costa quiseram dizer que quem mandava eram eles. Mas a boa da Cristas, ávida de ser amante a partir de Outubro, lá se aproximou do homem, jogando o seu charme e piscando o olho a quem vai à frente nas sondagens. Vira as costas ao Rio que corre à direita e tentar dar à Costa à esquerda.

Não sei no que isto vai dar. Qual o senhor que se segue, mas sei que as que querem ser amantes andam a tirar as medidas aos fatos e já escolhem os presentes caros que querem receber. A secretaria das Finanças, talvez a da Saúde, dependendo das necessidades de quem vai pagar, mas como não se sabe quem vai ser o dono do jogo, andam a tentar a sorte em todos os lados. Vejo-as nas mesas de Casino com os seus vestidos de racha alta e sapatos de salto agulha a estudar as mesas de jogo e ver quem tem mais fichas para gastar com elas. Depois, quando a roleta der preto ou vermelho, lá escolhem com quem se vão deitar, a quem vão cobrar caro pelos favores e tornar isto ingovernável. Com maiorias claras, sejam elas de onde forem, toda a gente vai fazer pipi descansada e o pessoal vive quatro anos sem ter de aturar os amuos de amantes caras, que só conseguem olhar à volta para ver quem mete a ficha de maior valor no decote.