Turismo

É preciso transformar Portugal agora para ganhar o turismo no futuro

Augusto Mateus, salientou que este não é um congresso apenas das agências de viagens, mas de todo o desenvolvimento sustentável do sector do turismo e do país

Numa conferência sobre números e como ganhar o país para o turismo, o consultor Augusto Mateus, lembrou que quando nasceu a meio do século XX havia 25 milhões de turistas a nível mundial, hoje são 1,5 mil milhões de turistas à escala mundial, estando o sector em cima de uma mutação muito importante e um salto qualitativo nesta área, com grande responsabilidade para os agentes de viagens.

A obrigação de ver mais cedo e mais longe, numa dimensão de empreendedorismo que deve marcar os profissionais, em detrimento da gestão corrente, pois é a única forma de mudar a trajectória das coisas e a posição do turismo no país e no mundo.

Assim, com números que mostram a sua evolução, o turismo na Europa que já teve 2/3 dos turistas, está perto da metade e deverá estabilizar no 1/3, num continente com 500 milhões de habitantes em 7 mil milhões no Planeta, acredita que não é nada mau. Mas o grande motor do turismo mundial, e prova de liberdade, é ser possível de fazer turismo, experimentar viajar e isso é o que têm feito os habitantes da Ásia e Pacífico enquanto região mais dinâmica na emissão de turistas no mundo.

Um mundo em mudança, onde inclusive em África há uma m incremento de emissões de turistas, pelo que Augusto Mateus lembrou que mais do que trabalhar num turismo de proximidade, é preciso pensar num trabalho de captação mais distante.

Entre as grandes tendências do lado da procura, destaca a contínua expansão da classe média mundial, o envelhecimento populacional, a afirmação dos jovens como principais consumidores de turismo, o aumento dos movimentos migratórios e férias mais repartidas, a procura de soluções de turismo ambientalmente sustentáveis ou a procura de soluções de turismo socialmente sustentáveis, enquanto que do lado da oferta estão a inovação e aprofundamento da penetração das tecnologias se informação e comunicação, a consolidação do mercado de alojamento, a oferta de produtos diferenciados e maior abrangência geográfica, o crescimento do mercado de franchise ou as alterações estratégicas a nível global.

No caso português, o número de hóspedes e dormidas crescerma em 2018 face a 2008 nuna impressionantes 88% e 72%, totalizando 25,2 milhões de hóspedes e 67,7 milhões de dormidas, sendo que o grande motor deste crescimento tem sido, sobretudo, a procura externa, que foram o grande responsável pelas receitas  de 16,6 mil milhões de euros no país no ano passado.

Com turistas que ficam cada vez menos tempo, Portugal já era o quarto país na Europa e Mediterrâneo, com maior crescimento na arrecadação de receitas, ainda que excessivamente concentrados nos mercados de proximidade, tais como Reino Unido, Alemanha, Espanha e França, sendo que os dez maiores emissores de turistas representam cerca de 76% do total de chegadas, ainda que com mercados emergentes a surgirem fora da Europa, tais como China, Brasil e EUA à cabeça.

Augusto Mateus chamou à atenção para os principais mercados emissores que devem ser tratados de forma diferente, com necessidade de dar o salto qualitativo ainda neste período áureo do turismo nacional, praticamente dizendo que não espera que seja depois de começar o ciclo de perda. Portugal é o país europeu que mais turistas britânicos capta, o que atrai mais turistas franceses em todo o continente, com 6% da quota de mercado de turistas franceses, ocupando ainda o segundo lugar nos turistas holandeses e, por incrível que pareça, é o destino europeu que mais cresce junto dos turistas norte-americanos, mas em sexto lugar nos turistas da Coreia do Sul.

A actividade turistica vale 17% do PIB e contribui com 11 mil milhões de euros para a balança corrente, no primeiro caso o dobro (cerca de 10 pontos percentuais) do que este sector vale na Europa e no Mundo. Conclui que "Portugal é um país turístico na realidade, mas não o é no pensamento", porque tem dificuldade em assumir definitivamente essa sua faceta porque desde 2008 o turista não residente contribuiu para mais de metade do consumo realizado em Portugal, mais do que toda a população portuguesa (consumo interno).

Assim, para uma nova estratégia para o turismo do futuro, o consultor financeiro apontou: o turismo não pode ser encarado como portador de efeitos exclusivamente positivos e não pode ser concebido como uma actividade genérica susceptível de ser desenvolvida em todos os territórios. Do lado dos benefícios, a valorização, protecção e financiamento da recuperação e desenvolvimento do património natural, histórico e cultural; a dinamização do investimento em reabilitação urbana (privada e espaço público) e revitalização dos centros históricos; atraçcão de novas empresas e modelos de negócio; e afirmação do cosmopolitismo. Do lado de potenciais efeitos adversos, destaca os impactos ambientais negativos e degradação do espaço público; pressão sobre o custo de vida e o preço relativo de certos activos; congestionamento das principais zonas de atracção turística; segmentação dos empregos gerados com áreas significativas de precaridade ou intermitência; e possibilidade de agravamento das disparidades regionais.

Concluíndo, para ganhar o país para o turismo é colocar mais portugueses a trabalhar no turismo e o turismo a dar aos portugueses, mais rapidamente, não daqui a dez anos, tem de ser agora, Portugal terá o desenvolvimento de um Turismo sério, competitivo, transformando vantagens com futuro, duradouras, para a procura mundial que vai haver no futuro, aliando quatro características convergentes: o digital, a segurança, a mobilidade e a sustentabilidade.