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Itália oferece-se para receber mulheres e crianças a bordo de dois navios de ONG

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A Itália ofereceu-se hoje para acolher as mulheres e crianças que se encontram há vários dias no Mediterrâneo, em navios humanitários, anunciou o vice-presidente do Governo Luigi Di Maio, advertindo que “obrigará” a Europa a respeitar o seu repatriamento.

Di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas -- que governa em coligação com a ultra direitista Liga -- pediu a Malta que permita o desembarque dos dois navios de organizações não-governamentais alemãs (ONG) que albergam respectivamente 32 e 17 migrantes, desde há 14 dias.

“Que Malta permita o desembarque imediato de mulheres e crianças e as envie para Itália. Vamos acolhê-las. Estamos preparados uma vez mais para dar, como sempre, uma lição de humanidade a toda a Europa”, referiu o político numa publicação no Facebook.

Os navios são o “Sea Watch 3” da ONG homónima, que salvou 32 migrantes em 22 de dezembro, e o “Professor Albrecht Penck” do Sea-Eye, que salvou outras 17 pessoas em 29 de dezembro, e ambas aguardam desde então um porto seguro.

Di Maio criticou o “desentendimento da Europa” e acrescentou que a Itália “não pode continuar a ceder a esta extorsão”.

“Mas nenhuma criança com a sua mãe pode permanecer no mar como refém do egoísmo de todos os Estados europeus”, disse.

Para o vice-presidente do executivo italiano, “a Europa assim não funciona, vamos mudá-la com as próximas eleições europeias”.

Mas, considerou, “as crianças não podem pagar o preço de uma Europa que olha para outro lado para não ver”.

“Vamos pôr-nos ao telefone com todos e cada um dos chefes de Estado europeus e obrigá-los a respeitar as quotas [de distribuição dos migrantes] previstas para cada país”, após Itália acolher as mulheres e crianças, disse o líder do Cinco Estrelas.

As ONG advertiram que a situação a bordo é insustentável para estas pessoas, debilitadas por uma longa viagem e que se confrontaram com más condições meteorológicas no mar.

Hoje, ao avistar as costas de Malta, um dos 32 migrantes a bordo do “Sea Watch 3” lançou-se ao mar, mas de imediato foi enviado um salva-vidas para que regressasse à embarcação.