Mundo

Presidente do PT brasileiro diz que faltar à posse de Maduro seria “cobardia”

FOTO Reuters
FOTO Reuters

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro, Gleisi Hoffmann, considerou hoje que seria “cobardia” e uma “concessão à direita” faltar à posse de Nicolás Maduro para um segundo mandato presidencial Venezuela, não reconhecido por grande parte da comunidade internacional.

“Nenhuma surpresa pelas críticas dos que ignoram as razões por eu ter aceitado o convite para posse na Venezuela. Deixar de ir seria covardia, concessão à direita. A esquerda pode ter críticas ao Governo de Maduro, mas o destino da Venezuela está nas mãos do seu povo e de mais ninguém”, escreveu Gleisi Hoffmann no Twitter.

Hoffmann, que preside ao maior partido da oposição no Brasil, recebeu duras críticas, inclusive da própria esquerda, após viajar para Caracas para a tomada de posse de Maduro, esta quinta-feira, que não é reconhecido como Presidente pelo Brasil e por outros países.

A ex-candidata à presidência do Brasil, Luciana Genro, uma das principais dirigentes do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), afirmou que a esquerda acabará por se afundar no Brasil se insistir em apoiar Nicolás Maduro.

“Gleisi vai representar o PT na posse do Maduro, dando uma mãozinha para aqueles que querem liquidar a esquerda. Mas só uma esquerda ‘mofada’ podia apoiar o Maduro nestas alturas. Há muito tempo que deixou de ser um Governo progressista. E o pior é que a oposição forte é burguesa e elitista” afirmou Luciana Genro.

A senadora destacou hoje, através das redes sociais, que a Venezuela possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo e Maduro “deve ser o próximo Presidente” da Organização dos Países Exportadores de Petróleo do Mundo (OPEP).

Nesse sentido, Hoffmann acusou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de querer criar, através da sua “atitude belicista”, as condições para “internacionalizar o conflito venezuelano”.

“A atitude belicista de Trump pode internacionalizar o conflito venezuelano. Os Estados Unidos da América querem criar condições para isso. Nossa região será um novo Médio Oriente?”, questionou.

Antes de viajar para a Venezuela, Gleisi disse que a sua presença na cerimónia de Maduro seria para denunciar “a posição agressiva do Governo de [Jair] Bolsonaro [Presidente brasileiro] contra a Venezuela”, que “é contrária à tradição diplomática” do país.

A visão do partido do ex-Presidente Lula da Silva enfrenta a posição adoptada por dezenas de países e pelo Grupode Lima, um organismo multilateral onde representantes de 12 países latino-americanos e o Canadá se reuniram para estabelecer uma saída pacífica para a crise na Venezuela, e que anunciaram de antemão que não reconhecerão a legitimidade do novo mandato que Maduro iniciou, uma posição que não foi subscrita apenas pelo México.