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A Madeira que temos

A Madeira que temos hoje ainda é sobretudo o resultado de 40 anos de Governação do PSD

A Madeira que temos hoje resulta de 40 anos de governação do PSD. Não é o resultado da acção de um qualquer inimigo externo, nem de quem ainda não chegou - não: resulta mesmo de 40 anos de governação do PSD.

A Madeira que temos hoje na Saúde é o resultado da governação do PSD, que prometeu um Novo Hospital com Alberto João há 20 anos, repetiu com Albuquerque há 4 e continua por construir. O que não temos na Educação é o resultado das escolhas do PSD, que decidiu não atribuir manuais escolares gratuitos às crianças e jovens da Região. O que enfrentamos na Mobilidade é o resultado das decisões do PSD: as que tomaram e as que tentaram tomar - do modelo que criaram na mobilidade aérea e da tentativa de privatizar a TAP que falharam; de correrem com o ARMAS primeiro e quererem-no de volta depois. Os juros que temos são consequência de uma dívida oculta colossal, resultado da governação do PSD. As Obras Públicas que temos hoje e de que não precisávamos, como a Marina do Lugar de Baixo, é o resultado das escolhas do PSD, em detrimento das que devíamos ter e não temos. E o desemprego que ainda temos é resultado de uma governação incapaz de encontrar outro modelo económico e social que vá além do betão.

É esta a Madeira que temos - e a Madeira que temos é mesmo resultado de 40 anos de governação do PSD. Mas a Madeira que temos começa a ser diferente.

A Ponta do Sol que temos hoje é diferente da que tínhamos há um ano, porque deixou de ser do PSD. É diferente porque agora o povo da Ponta do Sol faz-se ouvir: diz não quando acha que deve dizer não, diz sim quando acha que deve dizer sim - e por isso não quer gaiolas no mar, mas tem manuais escolares para estudar. O Porto Moniz que temos é diferente do que tínhamos em 2013, porque deixou de ser governado pelo PSD e passou a ser um município onde todas as pessoas contam - e dos que nascem hoje aos idosos que lá vivem desde sempre, ninguém fica para trás nos apoios sociais. Machico está diferente, porque já não é do PSD - e por isso passou a ser uma verdadeira centralidade da nossa Região, onde a dívida deu lugar ao Desporto, à Cultura e à Inovação.

A Madeira que temos começa a ser mais qualquer coisa - e se assim é, também é porque há mais escrutínio hoje, nos bons e nos maus momentos, do que havia no passado. E ainda bem.

É também por isso que o Funchal de hoje é um município diferente do passado. Um município onde até na hora das mais difíceis e duras tragédias as respostas não ficam por dar, ao contrário do que aconteceu com outras anteriores. É por isso que a gestão financeira da Câmara Municipal passou a ser mais escrutinada hoje, com metade da dívida que tinha em 2013, do que a Câmara que pediu três resgates financeiros no passado alguma vez foi. É por isso que a recolha de lixo e a limpeza da cidade, com menos reclamações do que no passado, é ainda mais exigente. É por isso que as esplanadas, que só passaram a ter um regulamento pela mão desta vereação, são alvo de maior discussão. É por isso que o encerramento de ruas é mais discutido e o ordenamento, a mobilidade e o planeamento mais debatido. É por isso que a reconstrução do Hotel Turim é escrutinada como os planos criados por Miguel Albuquerque para o Hotel Savoy nunca foram. O Funchal de hoje não é pior do que no passado - é mais escrutinado; e sim, está diferente – mas para melhor.

O que tudo isto indica é que a Madeira está a mudar. A Madeira que temos hoje ainda é sobretudo o resultado de 40 anos de Governação do PSD, mas começa lentamente a ser o resultado da Madeira que queremos. E daqui a um ano a escolha dos madeirenses não será, como foi durante 40 , sobre o Governo Regional do PSD e a Madeira que temos; a escolha será sobre a Madeira que queremos. Até lá, contra ventos, marés e muitas tempestades, continuaremos a construir a Madeira que nunca tivemos - porque a que temos ainda não é a que queremos, nem aquela que merecemos. Um dia vai ser.