Madeira

Albuquerque diz que relação com Lisboa não se resolve “à mesa do café com beijinhos”

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“Houve discursos bons e outros menos bons. O discurso que achei completamente descabido foi o do JPP que não tem lugar numa cerimónia destas, um discurso com um conjunto de falsidades que não dignificou a sessão. De resto, os outros discursos foram bons, adequados à evocação esta data histórica fundamental”, afirmou Miguel Albuquerque no final da sessão comemorativa do 25 de Abril, no parlamento regional.

O presidente do governo concorda com Sérgio Marques (PSD) que alertou para os perigos que a Autonomia enfrenta.

“É bom termos a noção de que Portugal continua a ser o país mais centralista da Europa e isso é aferido em termos da percentagem da despesa pública que é gasta pelas administrações regionais e locais”, afirma Albuquerque. Em Portugal, apenas 12% da despesa pública não está centralizada.

“Esta concentração do poder em Lisboa é nefasta para o desenvolvimento do país. Os países mais desenvolvidos têm quase 50% da despesa descentralizada. A média da EU é superior a 40%”, justifica.

Um centralismo que atinge, particularmente, a Madeira.

“Este governo que tem feito tudo para prejudicar a Madeira, concentrando poderes, não resolvendo aquelas que são as suas obrigações fundamentais em termos constitucionais”, afirma.

Albuquerque dá como exemplo os princípios da coesão e da continuidade territorial e a “questão escandalosa” d os juros pagos pela Região.

“É a questão a mobilidade onde se vai adiando os problemas, jogando para o lado porque nãos e quer resolver, porque a ideia é utilizar este bloqueio para tirara dividendos eleitorais potenciais em 2019”.

Questionado sobre o que deve ser feito, não tem dúvidas em afirmar que a luta política mais dura é a solução.

“A política não é um jogo de soma nula, não é uma conversa de amigos. Temos de reivindicar, temos de combater e lutar. Levantar a voz, porque quem não fala Deus não ouve. Não temos de ter medo em relação ao que são as nossas reivindicações justas”, protesta.

Para Albuquerque, a reivindicação da Região tem de assumir níveis mais duros.

“Esta ideia de que somos todos amiguinhos e que as coisas podem ser resolvidas à mesa do café, com beijinhos, está ultrapassada. O 25 de Abril só foi feito porque houve pessoas, como familiares meus que estiveram na cadeia e que lutaram mais de 35 ou 40 anos”, diz o presidente do governo regional.

Confrontado com o discurso de Victor Freitas que antecipou uma alternância de poder na Região, Albuquerque estranha a euforia socialista.

“Acho que anda aí um conjunto de personalidades que andam com o rei na barriga, com um triunfalismo que ainda não percebi. Deixá-los viver nessa ilusão. Esta ideia de ganhar o jogo antes de acontecer, normalmente, leva a amargos de boca. Eu tenho sempre a humildade de quando enfrento eleições partir sempre com um sentido de realismo e objectividade”.