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Maduro pede a Donald Trump que avance para o diálogo

Os EUA apoiam decisão do Peru de excluir Nicolás Maduro da Cimeira das Américas

Foto REUTERS/Eric Thayer
Foto REUTERS/Eric Thayer

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu ontem ao seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, que estabeleça um diálogo, solicitando que “mude a sua agenda de pressão” contra a chamada ‘revolução bolivariana’ que lidera.

“Fez campanha promovendo a não intromissão nos assuntos internos de outros países. Chegou o momento de cumprir e mudar a sua agenda de pressão para uma de diálogo, diálogo em Caracas ou Washington? Hora e lugar e lá estarei”, escreveu Nicolás Maduro na rede social Twitter.

Os Estados Unidos consideram Maduro “um ditador” e, nos últimos meses, aprovaram sanções económicas contra altos funcionários do regime e contra a petrolífera estatal PDVSA, através das quais proibiram “negociações sobre novas dívidas e capital”.

Ontem, o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América disse que apoia a decisão do Peru de excluir o presidente da Venezuela da próxima Cimeira das Américas, apesar de Nicolás Maduro insistir que vai estar na capital peruana. “Apoiamos a decisão do Peru, como anfitrião da próxima Cimeira das Américas, de determinar quem deve estar presente”, disse à agência Efe um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

Segundo este responsável, os Estados Unidos ainda não “tomaram uma decisão final” sobre a sua representação nesta cimeira, que será a primeira do governo do presidente norte-americano, Donald Trump.

Se Donald Trump decidir marcar presença no encontro será a sua primeira viagem à América Latina em mais de um ano de mandato e sucederá à deslocação do seu vice-presidente, Mike Pence, em agosto de 2017, e do secretário de Estado, Rex Tillerson, no início deste mês.

A VIII Cimeira das Américas, que reúne os países do continente americano, realiza-se em Lima, na capital peruana, a 13 e 14 de abril. Além do Peru, os Estados Unidos e o Grupo de Lima (composto por 14 países da região) são contra a presença do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

O Governo peruano avisou na quinta-feira passada o Presidente da Venezuela de que não poderá entrar nem sobrevoar o espaço aéreo do Peru para participar na cimeira.

“Não pode entrar nem pela terra nem pelo céu. Não pode entrar porque não é bem-vindo”, disse a primeira-ministra peruana, Mercedez Aráoz, à emissora Radio Programas del Peru, em resposta ao anúncio feito no mesmo dia pelo Presidente venezuelano de que irá à Cimeira “faça chuva ou faça sol” para “dizer a verdade” sobre a Venezuela.

Nicolás Maduro, no cargo desde 2013, é acusado de uma deriva autoritária que tem levado a uma tensão crescente nas relações do país com boa parte da comunidade internacional.

Também a União Europeia aprovou, em janeiro deste ano, sanções contra sete altos funcionários do Governo de Maduro, além do embargo de armas e do veto ao material que poderia ser usado para “repressão interna” na Venezuela.

Caracas defendeu que todas estas ações obedecem a um plano de pressão de Washington para retirar Maduro do poder.