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Governo sírio impede regresso de refugiados

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O governo sírio está a impedir ilegalmente que os residentes deslocados de antigas áreas controladas por forças anti-governamentais retornem às suas propriedades, acusou ontem a organização Human Rights Watch.

Os moradores de uma cidade Síria, Qaboun, nos arredores de Damasco, denunciam que o governo está a demolir as suas casas sem aviso prévio e sem providenciar residências alternativas.

Para a Human Rights Watch, o Governo sírio está a aproveitar-se de legislação aprovada para recuperar e desenvolver territórios capturados a grupos anti-governamentais para destruir casas de centenas de famílias, sem qualquer tipo de compensação.

Recentemente, o governo sírio anunciou que estava a destruir túneis criados por grupos anti-governamentais, para impedir a sua reutilização.

No entanto, imagens de satélite analisadas pela Human Rights Watch revelaram que as autoridades têm demolido casas com escavadoras, e com recurso a explosivos, o que é inconsistente com a versão de encerramento de túneis subterrâneos.

As localidades de Darayya e de Qaboun, ambas nos arredores de Damasco, foram designadas áreas para reabilitação pelo conselho de ministros sírio, depois de terem sido capturadas a grupos anti-governamentais, no início deste ano.

De acordo com as leis sírias, o governo tem o direito de se apropriar da propriedade privada, nestas zonas de desenvolvimento, sem necessidade de qualquer processo de compensação.

A Human Rights Watch falou com sete sírios que tentaram voltar para as suas casas em Darayya e Qaboun, com familiares, em Maio e Julho passados, tendo sido informada de que não o conseguiram fazer, devido a regras de restrição de acesso, ou por os bairros onde eles viviam terem sido demolidos.

“A Rússia e a Síria estão a pedir às pessoas que regressem para atrair financiamento para a reconstrução, mas, como sempre acontece com o governo sírio, a realidade é muito diferente”, disse Lama Fakih, vice-director da Human Rights Watch para o Médio Oriente.

“Aparentemente, sob o disfarce de uma lei de direitos de propriedade notória, o governo sírio está na verdade a impedir que os moradores retornem”, acrescenta Lama Fakih.

A Human Rights Watch comparou os locais de impacto dos ataques aéreos com as demolições nos arredores de Damasco, concluindo que, embora vários edifícios tenham sido danificados por ataques aéreos ou por terra, muitos dos edifícios demolidos estavam visivelmente intactos e eram potencialmente habitáveis.

“Eles levaram os nossos filhos, o nosso sangue e agora as nossas casas - o que resta para querermos voltar?”, interrogava-se um refugiado, citado pela Human Rights Watch.

Para esta organização não-governamental, as restrições à entrada e saída de Qaboun, e os bloqueios à volta de Darayya, sem fornecer uma razão legítima, são uma violação das leis internacionais.