Madeira

Liliana Rodrigues interpela Comissão Europeia sobre catástrofe humanitária no Iémen

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A eurodeputada Liliana Rodrigues interpelou ontem a Comissão Europeia a propósito da catástrofe humanitária vivida no Iémen desde que, em Março 2015, teve início o conflito armado entre a coligação militar liderada pela Arábia Saudita e os rebeldes xiitas Huthis, alegadamente apoiados pelo Irão.

O Iémen é um dos países mais pobres do mundo e importa cerca de 80% dos bens alimentares que consome. A destruição de infraestruturas civis e as restrições à importação de alimentos, remédios e combustíveis fazem com que a população do Iémen viva em estado de emergência humanitária.

A deputada socialista refere que, de acordo com um relatório da UNICEF e informações provenientes de várias organizações internacionais, “a guerra no Iémen já matou ou feriu mais de cinco mil crianças e mais de onze milhões de menores precisam de ajuda humanitária para sobreviver. Mais de 10 mil pessoas perderam a vida, 60 % das quais civis, e cerca de 50 mil ficaram feridas na sequência de ataques aéreos e combates no terreno desde que a coligação liderada pela Arábia Saudita interveio na guerra civil no Iémen. Por ano, 25 mil crianças morrem ao nascer ou no primeiro ano de vida. Cerca de 2 milhões de crianças estão impedidas de frequentar a escola.”

Para Liliana Rodrigues “estes são dados aterradores e a União Europeia precisa fazer tudo o que estiver ao seu alcance para por termo a este conflito. Não podemos deixar que o sofrimento destas pessoas se dilua na indiferença ou caia no esquecimento”. Dois milhões de iemenitas estão actualmente deslocados internamente devido ao conflito e 188 mil fugiram para países vizinhos.

“Preocupa-me sobretudo a situação das mulheres e das crianças, sempre aquelas que mais acabam por sofrer nestas situações de crise”, acrescenta a eurodeputada.

De acordo com várias Organizações Não-Governamentais e órgãos de comunicação social, a coligação liderada pela Arábia Saudita tem recebido apoio logístico e dos serviços de inteligência dos EUA, Reino Unido, Itália e França, a isto acrescendo que, de acordo com o 18.º relatório anual da UE sobre exportações de armas, os Estados-Membros da UE continuaram a autorizar a transferência de armas para a Arábia Saudita desde a escalada do conflito, facto que, no entender de Liliana Rodrigues, “é uma clara violação da Posição Comum 2008/944/PESC sobre o controlo da exportação de armas da UE. Não basta que a UE e os seus Estados-Membros mostrem disponibilidade para intensificar a ajuda humanitária à população do Iémen. É também urgente que às empresas europeias não seja permitido lucrar com uma guerra que continua a matar milhares de civis”.

No seguimento da resolução do Parlamento Europeu sobre o Iémen de Novembro de 2017, a deputada madeirense entendeu ser seu dever questionar a Comissão Europeia tanto sobre as acções desenvolvidas para colocar um ponto final num conflito que está a destruir um país e a aniquilar a sua população, como sobre as medidas a implementar para garantir que os Estados Membros respeitam a posição comum acordada quanto ao controlo da exportação de armas, nomeadamente para a Arábia Saudita.

Liliana Rodrigues tem acompanhado os desenvolvimentos na área dos Direitos Humanos no mundo Árabe. Recorde-se que, na passada quarta-feira, em Estrasburgo, Liliana Rodrigues marcou presença numa troca de pontos de vista com Adel Al Asoomi, Vice-Presidente do Parlamento Árabe, e Ahmed Mechergui, Chefe da Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional do Parlamento Árabe, no âmbito da delegação à Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo. A situação na Síria, na Líbia, a luta contra o terrorismo, o processo de paz no Médio Oriente depois da decisão dos EUA sobre Jerusalém, as relações entre os parlamentos árabe e europeu e a situação actual no Iémen foram alguns dos temas a debate.

Questões colocadas pela eurodeputada Liliana Rodrigues à Comissão Europeia:

1. Na resolução do PE de 27 de Novembro de 2017 foi solicitada uma estratégia integrada da UE para o Iémen, assim como um novo impulso para uma iniciativa de paz neste país. Que acções estão a ser implementadas pela Comissão neste sentido?

2. Que acções está a desenvolver a Comissão Europeia para garantir o respeito dos Estados Membros pela Posição Comum 2008/944/PESC sobre o controlo da exportação de armas, nomeadamente para a Arábia Saudita?