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Venezuelano Rafael Ramírez demite-se do cargo de embaixador permanente na ONU

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O embaixador permanente da Venezuela na ONU, Rafael Ramírez, anunciou hoje que, por solicitação do Presidente Nicolás Maduro, apresentou a sua demissão do cargo.

“Devo informar que segunda-feira, 04 de dezembro de 2017, por solicitação do Presidente da República, renunciei ao cargo de embaixador representante permanente da Venezuela perante a ONU. Fui removido devido às minhas opiniões. Manter-me-ei, aconteça o que acontecer, leal ao comandante Hugo Chávez”, anunciou na sua conta do Twitter.

A demissão de Rafael Ramírez, que entre 2004 e 2014 presidiu a empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), tem lugar depois terem saído dezenas de funcionários da PDVSA, alguns deles altos quadros, no âmbito de uma investigação por alegada corrupção.

Entre os detidos encontra-se Diego Salazar Carreño, primo de Rafael Ramírez, que é acusado pelo Ministério Público de branqueamento de capitais, associação para cometer delito (associação criminosa) e corrupção ativa, relacionada com bancos de Andorra.

“Todas as minhas observações foram feitas honestamente, como todas as posições que ocupei. Aceitei vários destinos e responsabilidades, num exercício permanente de disciplina. Ainda assim, estou comprometido em continuar insistindo, no seio do Governo, na necessidade de uma profunda revisão e de retomar o sendeiro exitoso desenhado pelo comandante (Hugo) Chávez”, disse o diplomata.

Rafael Ramírez sublinhou que, “nestas circunstâncias” e em virtude das “limitações a que foi submetido” viu-se “obrigado a expressar” as suas opiniões em público, “depois de expressá-las insistentemente nos espaços políticos correspondentes”.

“No pessoal, esta decisão resulta muito difícil, pois significa cessar as minhas funções como servidor do Estado venezuelano, especialmente quando passamos por uma situação de crise político-económica, em que a frente internacional (opositora do regime) tem adquirido relevância extraordinária. No entanto, perante a decisão do Presidente, não tenho outra opção. Fico à disposição do meu país, da revolução e sempre estarei do lado do povo”, explicou.

Em outubro de 2016, o parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria, declarou que Rafael Ramírez era “culpado” de corrupção enquanto esteve à frente da PDVSA.

Em causa, segundo o parlamento, estariam irregularidades de cerca de 11 mil milhões de dólares (9,32 mil milhões de euros).

Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) admitiu um recurso de Rafael Ramírez contra as investigações que a oposição levava a cabo e ordenou que fossem suspendidas.

Segundo o SJT, as investigações poderiam afugentar os investidores estrangeiros e afetar o desenvolvimento de diversos processos judiciais, internacionais, contra a PDVSA.

“Existem elementos que servem de convicção sobre lesões graves ou de difícil reparação que se ocasionaria à PDVSA e inclusive, contra a República, diretamente, além da possível violação dos diretos de Rafael Ramírez, o que poderia desencadear uma reação adversa nos procedimentos arbitrais”, referia, na altura, uma decisão do STJ.