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‘Cosplayers’ portugueses podem gastar até mil euros no fato do seu herói

Foto Lusa
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Os ‘cosplayers’, ou fantasistas, que até domingo vão passar pela 4.ª edição da Comic Con Portugal, em Matosinhos, podem demorar até uma hora a preparar-se depois de, nalguns casos, terem dispendido quase mil euros no seu fato.

‘Cosplay’ resulta da junção das palavras inglesas costume (traje) e ‘player’ (artista) e são eles, nos seus fatos que evocam os seus heróis, com cores garridas e aspetos mais ou menos grotescos, que dão vida à Comic Con Portugal, réplica da feira anual, em San Diego, nos Estados Unidos, de ‘animes’ e de vídeojogos, a decorrer na Exponor.

Jovens e menos jovens mais ou menos cobertos, exibem, durante os quatro dias, a roupagem e demais adereços dos seus heróis de banda desenhada, ou ‘animes’ dos vídeo-jogos ou mesmo do cinema, num investimento que, defendem, lhes dá algumas capacidades (’skils’) para a vida.

Adriana Silva, vestida de princesa Zelda, faz ‘cosplay’ desde 2009, mas enveredou pela via profissional há três anos, representando a Play-station e a Nintendo em eventos. Quando questionada pela Lusa sobre se ser ‘cosplay’ é pertencer a uma elite, negou-o.

“Somos uma comunidade ‘cosplay’ e de vídeojogos bastante grande e unida, mas não somos nenhuma elite, pelo contrário, somos pessoas completamente normais”, frisou, antes de explicar que ser ‘NERD’, outra designação associada ao evento, “pode ser muita coisa, mas sobretudo pode ser alguém que tem muita cultura em relação a jogos, a ‘animes’, alguém bastante entendido sobre um assunto”.

A expressão ‘nerd’, historicamente associada a pessoas introvertidas, detentoras de conhecimentos técnicos em áreas técnicas determinadas - e que também corresponde à expressão inglesa “no one ever really dies” (nunca ninguém morre) -, vulgarizou-se entre a comunidade ‘cosplay’ que prefere, segundo Adriana Silva, valorizar “as capacidades que se adquirem na manufatura dos fatos e não só, sendo possível aprender costura e maquilhagem, no processo de preparação”.

Dada a necessidade de usar maquilhagem, peruca, fato e orelhas postiças, a princesa Zelda “demora uma hora a preparar-se para a feira”, um tempo impensável para André Ribeiro, que optou, no primeiro dia, por ser Bane, um guerreiro cuja máscara lhe aporta um aspeto agressivo.

‘Cosplay’ há quatro anos, diz “ser ‘nerd’, mas com estilo”, brincou o lisboeta, nada importado com os locais onde em Portugal se realiza a feira, explicando fazer parte de um grupo que organiza excursões para participar nos eventos.

A seu lado, André Baptista traja à Batman, um fato “confecionado a partir de material reciclável”, mas que nem assim deixou de “ser dispendioso”.

“Se quisermos fazer um bom fato, gastamos muito dinheiro em materiais - nalguns deles gastei 300 euros”, acrescentou, antes de revelar que, para sexta-feira, vai ser o ‘cosplay’ do Red Skull, um fato em que investiu “cerca de mil euros”, e que inclui “próteses para a casa”.

Vencedor no “concurso de ‘cosplay’ na primeira edição da Comic Con Portugal como War Machine”, André Ribeiro quer continuar a marcar a diferença, apesar de confessar não se “ver, dentro de dez anos”, como ‘cosplay’.

Numa feira onde é possível ver e comprar produtos das mais recentes produções de Hollywood, ‘surfar’ em ondas virtuais e até adquirir, por 199 euros, um fato de oficial de paraquedista da ex-União Soviética, é nas caixas de multibanco que se notam as primeiras grandes filas do evento.

Cá fora, com a chuva a cair certinha, o porteiro da Exponor disse à agência Lusa que há um ano as filas eram de centenas de metros, um contraste enorme com a edição de 2017, em que a entrada acontece a “conta gotas”.

O diretor geral da feira, Paulo Rocha Cardoso, disse à Lusa que o número de expositores “supera as duas centenas”, adiantando apenas, sobre a possibilidade de a Comic Con Portugal passar em 2018 para Lisboa, que “a decisão será tomada no início de janeiro”.