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Comissão filipina investiga responsabilidade das empresas nas alterações climáticas

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A Comissão de Direitos Humanos das Filipinas iniciou hoje uma investigação para estudar a responsabilidade das empresas de combustíveis fósseis em relação aos impactos nos direitos humanos causados pelas alterações climáticas.

A iniciativa, impulsionada pela divisão local da organização não-governamental ecologista Greenpeace e por mais de uma dezena de requerentes particulares, vai pedir a 47 empresas, incluindo Repsol, Shell, BP ou Chevron, que expliquem o seu papel no fenómeno das alterações climáticas.

Durante a sessão de segunda-feira, representantes da comissão investigadora procuraram acordar com as empresas os termos da investigação, sendo esperados resultados ao longo de 2018. A CDH é um organismo independente que, segundo a Constituição filipina, tem como objectivo fiscalizar a acção governativa.

Cerca de meia centena de pessoas, algumas procedentes da cidade de Tacloban, que em 2013 foi arrasada pelo tufão Haiyan, concentraram-se em frente ao escritório da comissão para ouvir a evolução da audiência, dirigida pelo comissário Roberto Cádiz.

Yeb Saño, diretor executivo da Greenpeace Filipinas, disse na rede social Twitter que o organismo governamental aceitou o caso sob a sua jurisdição.

“Estou aqui para pedir justiça para os meus filhos e para as gerações futuras”, disse no exterior do recinto Elma Reyes, uma das requerentes oriunda da cidade de Quezon.

Na sexta-feira, Yeb Saño disse em comunicado que os desastres naturais relacionados com as alterações climáticas pioraram a vida das pessoas e que os Estados e empresas têm compromissos e obrigações perante as alterações climáticas.

As Filipinas são o quarto país do mundo que mais desastres naturais sofreu nos últimos 20 anos, segundo um estudo publicado pela agência para a Redução de Risco de Desastres da ONU.

Entre 1995 e 2015 o arquipélago filipino foi afetado por 274 desastres naturais que afetaram pelo menos 130 milhões de pessoas, 90% dos quais relacionados com o clima, segundo o relatório.

Em novembro de 2013, o tufão Haiyan, um dos mais poderosos no registo das Filipinas, causou 6.300 mortos, mais de 1.000 desaparecidos e 14 milhões de desalojados.